Ele queria apenas levar uma vida tranqüila, mas já estava cansado de fugir. Foi o que afirmou nesta terça-feira (4) na Justiça o cearense Antônio Jussivan Alves dos Santos, o Alemão, de 41 anos. Ele negou ter planejado e financiado o furto milionário ao Banco Central (BC) do Ceará e afirmou que foi convidado a participar do crime pelo traficante de drogas Luiz Fernando Ribeiro, o Fé ou Fernandinho, seqüestrado em outubro de 2005 em São Paulo e, dias depois, encontrado morto em Minas Gerais, mesmo depois de a família ter pagado R$ 2,1 milhões pelo resgate.
O acusado também confessou ter ficado com R$ 5 milhões dos R$ 164,7 furtados, em agosto de 2005, do banco. Depois de depor, Alemão foi levado para o Presídio de Segurança Máxima de Mato Grosso do Sul, onde estão outros nove integrantes da quadrilha do maior roubo do País.
Nos dois anos e sete meses de fuga, Alemão usou identidades falsas com os nomes de Francisco Everaldo Paulino Pereira, Antônio Jocivan Alves Santos, Antônio Joaquim de Oliveira Paiva e Roberto Zanon. Ele disse nunca ter sofrido extorsão e contou que chegou a ser parado em blitze comuns, mas apresentou os documentos falsos. Ele também negou ter feito plástica. Segundo sua advogada, Maria Erbênia Rodrigues, ele falou que preferiu não fugir do Brasil "porque gostava muito da família".
Segundo Alemão, as informações sobre a localização do cofre foram repassadas pelo ex-vigilante Deusimar Neves Queiroz, que está preso no Ceará, cumprindo pena de 47 anos pelo furto ao BC. Os nomes de Luiz Fernando e Deusimar foram os únicos declinados por ele em depoimento prestado hoje em Fortaleza, perante o juiz Danilo Fontenelle Sampaio, da 11ª Vara da Justiça Federal.