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  Anna Izabel / Agência Câmara
Anna Izabel / Agência Câmara

Nonô: encontro com Temer.

Brasília (AE) – Candidatos do governo e dos partidos de oposição à presidência da Câmara, os deputados Aldo Rebelo (PCdoB-SP) e José Thomaz Nonô (PFL-AL) montaram ontem um quartel-general na caça aos votos dos deputados, mesmo com o Congresso esvaziado no fim de semana. "O movimento do Planalto para tirar o PT da disputa é ótimo: aumenta meus votos no partido", avaliou Nonô. "Nem a oposição nem o Palácio do Planalto podem decidir a eleição", afirmava ontem Aldo Rebelo, na tentativa de descaracterizar a disputa como uma briga entre o governo e seus adversários.

O primeiro foco de ambos os candidatos foi a bancada petista. O ex-ministro Rebelo trabalhou na liderança do PT, com a ajuda do anfitrião Henrique Fontana (PT-RS) e do líder do PC do B, Renildo Calheiros (AL). Só nas últimas 48 horas, Aldo fez 110 telefonemas para eleitores, 35 dos quais a interlocutores do PT. "Já temos 200 votos, em uma conta bem rasteira, e vamos esticar a corda até amanhã para conseguirmos fechar no primeiro turno", disse hoje o presidente do PSB, deputado Eduardo Campos (PE), que retirou seu nome da disputa em favor de Aldo Rebelo.

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É sintomático que quase um terço dos contatos feitos por Aldo tenham sido para sensibilizar petistas, partido que automaticamente deveria dar a ele seus votos. Ontem, em Salvador, perguntado se Aldo era um bom candidato, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse: "Pode ser".

Além de assediar os petistas inconformados com a interferência palaciana que tirou o partido da disputa, Nonô marcou um encontro com o presidente e candidato do PMDB, deputado Michel Temer (SP) para analisar o cenário e traçar estratégias conjuntas no caso de um segundo turno. Ao mesmo tempo, Aldo também confirmava que o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), irmão do líder comunista Renildo, apóia sua candidatura.

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A conversa com Temer é apenas um dos lances da investida do primeiro vice. Segundo um pefelista que está à frente de sua campanha, Nonô já conversou com o ex-governador do Rio de Janeiro Anthony Garotinho (PMDB) e obteve a garantia de que, se Temer ficar fora do segundo turno, seus 30 votos na Câmara irão beneficiá-lo.

Dornelles

Reclamando de terem sido usados pelo Planalto, para abrir espaço a um candidato da base aliada, alguns petistas ainda cogitavam hoje apoiar o candidato do PP, Francisco Dornelles (RJ).

O raciocínio neste caso é o de que Aldo não tem chances de conseguir apoios no PSDB, ao contrário de Dornelles, que poderia rachar os tucanos dispostos a votar em Nonô. Afinal, ele foi ministro do governo Fernando Henrique Cardoso e é primo do governador tucano de Minas Gerais, Aécio Neves. Mas a expectativa dos governistas é de que Dornelles desista da disputa.

O líder Henrique Fontana acha que será possível conseguir apoio dos parlamentares do PP de Dornelles e do PL. Também tem expectativa de obter votos do PTB, o que não será tarefa fácil depois da cassação do deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ).

Oposição critica liberação de verbas

A oposição promete acompanhar de perto a distribuição das verbas, para avaliar se está havendo ou não uso político das emendas. "Há um artigo na Lei de Diretrizes Orçamentárias segundo o qual é crime de responsabilidade usar o Orçamento para obter votos no Congresso", disse Aleluia.

O líder do PSDB na Câmara, Alberto Goldman (SP), argumentou que ainda não há detalhes sobre como será usado o dinheiro. Para esclarecer isso, Goldman informou que a partir de segunda-feira o partido vai acionar o Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal (Siafi) para verificar como estão sendo liberados os recursos. "Se a distribuição for equitativa é um ato normal de governo. Mas, se for feita de modo discriminatório, trata-se de uma distribuição para captar votos. Seria uma outra leitura do mensalão", comentou.

A liberação de recursos para a execução de emendas parlamentares em épocas de decisões importantes no Congresso não é prática nova. Isso teria acontecido, por exemplo, em maio deste ano, na véspera da votação para a criação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Correios. Mesmo assim a comissão foi instalada.

Para a disputa pela sucessão de Severino Cavalcanti (PP-PE), na quarta-feira, o PFL lançou o nome do presidente interino da Câmara, José Thomaz Nonô (PFL-AL), que tem também o apoio do PSDB. O governo, por sua vez, trabalha para eleger o ex-ministro da Articulação Política Aldo Rebelo (PcdoB-SP).

Aleluia diz que se opõe à candidatura de Rebelo por dois motivos: "Ele vai trabalhar para que o presidente Lula não seja investigado. Além disso, Rebelo foi testemunha de defesa de José Dirceu".

Sobre a liberação das emendas parlamentares, Rebelo disse ontem não saber se é uma coincidência o fato de ter ocorrido perto da eleição da Câmara. Ele, porém, avaliou que "o governo não pode parar a execução orçamentária devido a determinados acontecimentos".

Já o líder do PT na Câmara, Henrique Fontana (RS), afirmou que independentemente do momento em que o Executivo liberar emendas sempre haverá interpretação política. Para acabar com isso, sugeriu o deputado, o governo deveria distribuir todo mês um doze avos das emendas.

Brasília (AE) – O líder da minoria na Câmara, José Carlos Aleluia (PFL-BA), chamou de "degradante" a liberação, pelo governo, de R$ 500 milhões para emendas parlamentares às vésperas da eleição para a presidência da Casa. "É uma forma de humilhação do Legislativo. Agora não tem mensalão, mas tem emenda", disse.