Alckmin insiste em ser prefeito de São Paulo

?Sou um homem de partido. E o que o partido decidir, está decidido.? A afirmação é do ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), sobre a eleição da capital paulista. Ele quer concorrer ao cargo, mas setores do partido vinculados ao governador José Serra e ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso já manifestaram a predileção pelo apoio à reeleição de Gilberto Kassab (DEM), que foi vice de Serra nas últimas eleições municipais em São Paulo, em 2004.

Alckmin esteve ontem em Curitiba, a convite da Associação Comercial do Paraná (ACP) e da Amil, para proferir a palestra ?Pensamento Estratégico Brasileiro?, evento que faz parte de um ciclo de debates da ACP sobre Reforma Tributária. Alckmin também teve um encontro com o prefeito de Curitiba, Beto Richa (PSDB), e empresários. Hoje, vai visitar obras e conhecer projetos curitibanos na área de transporte.

Alckmin não se aprofundou nos questionamentos sobre a definição da candidatura dele para a prefeitura de São Paulo. No entanto, disse que vai respeitar a decisão do PSDB sobre o assunto. ?O que sinto é que a maioria quer uma candidatura própria, mas isto não significa a exclusão de alianças. Sempre defendi as alianças. É preciso lembrar que a eleição é definida em dois turnos. Ninguém em São Paulo vai ganhar no primeiro turno, com uma eleição com pelo menos 12 candidatos. Temos um percentual alto e uma rejeição pequena?, comentou.

Kassab, anteontem, anunciou que pretende se encontrar com Alckmin para discutir uma candidatura única já no primeiro turno das eleições para a prefeitura paulistana. Enquanto isto, ontem foi divulgado que Fernando Henrique Cardoso conversaria com Alckmin para que este desistisse da disputa. Em troca disso, haveria apoio para uma candidatura tucana em 2010 ao governo de São Paulo.

Geraldo Alckmin explicou que separa totalmente as eleições deste ano com as de 2010. De acordo com ele, o pleito de 2008 é importante por si só porque envolve as prefeituras, nível de governo mais próximo da população. ?Eu separo totalmente 2008 de 2010. Existem dois ansiosos na vida: políticos e jornalistas. O povo separa bem na sua sabedoria?, analisou.

Ele ainda revelou que, que se puder, vai trabalhar para unir José Serra e Aécio Neves (atual governador de Minas Gerais) para uma disputa presidencial daqui a dois anos. ?Se for possível uma chapa pura, de Aécio e Serra ou Serra e Aécio, seria ótimo. Hoje também existe o nome de Arthur Virgílio. Este não é momento de excluir nomes. Disputei as eleições presidenciais de 2006 e não é fácil encarar uma reeleição. Em 2010, será uma eleição mais equilibrada porque o titular não estará na disputa. Pela história do PSDB, por seus quadros e pela sua experiência, acho que temos todas as condições em 2010?, opinou Alckmin.

Reforma tributária

Geraldo Alckmin aproveitou a passagem por Curitiba para agradecer os votos que recebeu na eleição presidencial de 2006. Especificamente no Paraná, ele venceu os dois turnos da disputa. ?Foi uma enorme demonstração de confiança e serei eterno devedor da confiança dos paranaenses?, declarou.

Alckmin proferiu ontem à noite palestra na ACP, onde falou sobre conjuntura brasileira e reforma tributária. Para ele, a revisão do sistema de tributos no País é assunto central porque aborda os principais entraves do Brasil. ?São mais de 60 tipos diferentes de tributos. O povo não sabe quanto paga em impostos. É um sistema opaco, regressivo e injusto. Muitos são impostos indiretos e o trabalhador que recebe menos acaba pagando mais?, disse.

O ex-governador de São Paulo ressaltou a mobilização da sociedade organizada e da oposição para a reforma tributária. O exemplo foi a não aprovação da continuidade da CPMF. ?No ano passado, o presidente Lula disse que o Brasil não conseguiria sobreviver sem a CPMF. Mas hoje sobra dinheiro. No ano passado, os R$ 300 bilhões de arrecadação foram alcançados em maio. Neste ano, já foram atingidos em abril. Isto mostra que há espaço para reduzir impostos?, disse. Para Alckmin, o Brasil possui política fiscal frouxa e política monetária dura. ?Com uma política fiscal mais rígida e a queda de gastos, não seria necessária política monetária tão conservadora?, avaliou.

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