O candidato a presidente Geraldo Alckmin (PSDB), da Coligação Por um Brasil Decente (PSDB), acusou ontem o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidato da Coligação A Força do Povo (PT) à reeleição, de comandar uma ?campanha do medo? e tentar usar os programas sociais como moeda de troca para conquistar votos, a exemplo do Bolsa Família, principal bandeira do petista no nordeste. ?Como não tem muito o que mostrar, Lula fica nesta campanha de criar medo. É uma campanha de boatos, fofocas, mentiras, tudo para enganar o eleitor?, afirmou, durante uma caminhada pelo centro de João Pessoa.
Para Alckmin, a suposta estratégia dele de espalhar boatos é sinal de ?desespero?, tem como objetivo provocar inquietação e insegurança na população e mostra que não tem proposta para o País. ?É um absurdo este jogo sujo, a ?mentirobrás?, os boatos ininterruptos?, afirmou, enfatizando que Lula criou uma central de mentiras – a ?mentirobrás?. ?É a campanha do medo. Eles dizem que vamos tirar isso, tirar aquilo. Coisas que não têm o menor sentido. Inclusive, tornando os programas sociais como moeda de troca. O fato é que Lula não tem uma mensagem nova, de esperança. Eu tenho alertado à população e fico triste, pois a mentira é uma má conselheira. Não se faz nada alicerçado em cima de mentira. Isso não dá certo?, prosseguiu.
Em pleno reduto eleitoral do presidente, o candidato da Coligação Por um Brasil Decente a presidente reforçou que manterá e ampliará o Bolsa Família. Na Paraíba, onde o governador Cássio Cunha Lima (PSDB), candidato da Coligação Por Amor à Paraíba (PSDB) à reeleição, disputa o segundo turno com o candidato a governador José Maranhão (PMDB), da Coligação Paraíba de Futuro (PMDB), Alckmin recebeu 27,8% no primeiro turno contra 65,3% de Lula. O candidato da Coligação Por um Brasil Decente insistiu que não privatizará estatais, nem demitirá funcionários públicos, nem congelará salários, ao procurar desmentir declarações do presidente.
Alckmin afirmou que, agora, a campanha de Lula partiu para ataques pessoais. Num boletim informativo divulgado na internet, a campanha do PT destacou o fato de a filha do candidato da coligação tucana, Sophia Alckmin, ter trabalhado na loja Daslu, acusada de contrabando. A página citou também a ex-primeira-dama Lu Alckmin, que ganhou de presente ?400 vestidinhos chiques?. Geraldo Alckmin considerou as notas ?injustas? e disse que não aceita o pedido de desculpas. ?Eles (os petistas) fazem as baixarias e depois vêm querendo dar uma de bom-mocismo, dizendo ?Olha, pedimos para tirar (as críticas) do site?. Estão querendo faturar dos dois lados?, observou, com a camisa ensopada de suor, em meio a um intenso corpo a corpo na capital paraibana.
Ao lado de Lima e debaixo do forte sol do meio-dia, ele foi bastante assediado, deu beijos, abraços e cumprimentos na caminhada que paralisou o centro da capital. Principalmente, animou o eleitorado feminino. ?Lindo, lindo?, gritavam as mulheres, tanto para o governador da Paraíba como a Geraldo Alckmin. O candidato deixou claro que, ao contrário do PT, não pretende envolver a família de Lula na campanha eleitoral. ?Não vou entrar nessa linha. Eu trato daquilo que tem relação com o interesse público?, disse. ?Na realidade, isso tudo é um desespero. Se estão tão bem assim, não havia razão para estarem fazendo isso.? O interesse, conforme afirmou, é realçar as diferenças com ele, enfatizando a agenda do crescimento.
Para Geraldo Alckmin, apesar dos protestos de Lula, a desestatização teve resultados positivos. Na avaliação do candidato, o presidente estaria apenas ?investindo no medo para ganhar votos?. Por isso, desafiou-o: ?Se a privatização foi tão errada, por que não reestatizaram? Eles tiveram quatro anos para isso.? O candidato tucano lembrou que, no caso da transmissão de energia, o governo do PT deu continuidade ao processo de concessão à iniciativa privada para novos projetos.
Apesar da desvantagem na pesquisa do Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope), Geraldo Alckmin disse estar confiante no crescimento da candidatura, especialmente no nordeste, apostando no corpo a corpo.