O Airbus A320 da TAM que caiu no Aeroporto de Congonhas, São Paulo, apresentou duas falhas em seus sistemas eletrônicos e mecânicos no dia do acidente, no último dia 17. Em ambos os casos, porém, o avião foi liberado para decolar após inspeções dos técnicos em solo. Em depoimento nesta quinta-feira (2) à CPI do Apagão Aéreo da Câmara, o vice-presidente técnico da companhia, Ruy Amparo, afirmou que essas panes são corriqueiras e, em geral, não impedem o prosseguimento do vôo.
A primeira mensagem de erro surgiu na madrugada do dia da tragédia, durante inspeção de rotina feita por técnicos da empresa no Aeroporto de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul. A pane, segundo Amparo, teria sido nos sensores do trem de pouso do jato. Mas funcionários da TAM em Campo Grande afirmaram que a queixa dos pilotos, feita na noite anterior, era em relação a problemas nos flaps – freios aerodinâmicos nas asas do avião.
A declaração do vice-presidente Técnico da TAM contradiz uma nota da própria companhia, em que reconhece a pane nos flaps, mas nega qualquer reclamação dos pilotos. De acordo com o comunicado da empresa, um relatório impresso pela equipe de manutenção indicava uma possível falha nos sensores do flap, classificadas como menor. A TAM informou que, baseada nessa suspeita, decidiu examinar o avião utilizando o sistema de computação do Airbus.
Pouco menos de dez horas depois, no entanto, o jato voltou a preocupar os pilotos. Antes de decolarem de Congonhas rumo ao Aeroporto de Confins, na região metropolitana de Belo Horizonte, o comandante que conduzia o avião notificou os técnicos em solo que um dos motores havia superaquecido, atingido 300º C. Mais uma vez, após vistoria dos funcionários da manutenção, o Airbus foi autorizado a prosseguir viagem. "Foi apenas uma precaução do piloto", afirmou Amparo.