As caixas-pretas não mostram nenhuma falha no equipamento do Airbus A320 que se chocou contra o prédio da TAM Express, deixando 199 mortos. Os pilotos frearam o avião por toda a pista do Aeroporto de Congonhas, mas não conseguiram pará-lo porque a turbina direita estava muito acelerada.

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Essas informações foram divulgadas anteontem pela fabricante da aeronave no mais detalhado relato público feito até agora do que se passou com o avião em São Paulo. Trata-se de um comunicado enviado pela Airbus a todas as empresas que operam seus jatos no mundo.

O comunicado inusitado expõe dados sigilosos da investigação e foi considerado por militares e integrantes da comissão de investigação do acidente como uma reação ao vazamento de informações feito na CPI do Apagão Aéreo. Parlamentares divulgaram na quarta-feira a transcrição da caixa-preta com as vozes dos pilotos na cabine do avião e se dividiram em relação às causas do acidente (falha humana ou mecânica).

Manetes

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O comunicado da Airbus diz que 2 segundos após o toque no solo, os pilotos colocaram o manete da turbina 1 (esquerda) na posição de potência máxima de desaceleração para frear o avião. O sistema de aceleração automática (autothrottle) foi desligado. Já o manete da turbina 2 (direita) permaneceu na posição de subida (climb), acelerando o avião. A Airbus informou que nesse momento, a turbina 2 estava com muita potência – o empuxo era de 1,2 EPR. Assim, o avião não freava. Pelo contrário, ganhava sustentação, como se fosse decolar de novo.

Os sistemas de freio aerodinâmico (groundspoilers) e automático (autobrake) não foram acionados. Passaram-se 11 segundos até que os pilotos conseguissem imprimir pressão máximo de freio – quando o sistema automático não é acionado, é possível parar o avião nos pedais. Os freios do leme também foram usados na passagem pela pista principal de Congonhas. A velocidade diminuiu de 145 nós (261 km/h) para 100 nós (180 km/h), mantida enquanto o A320 esteve na pista.

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De posse dessas informações é que a Airbus chegou à conclusão de que não há registro na caixa-preta de que tenha ocorrido defeito na aeronave. A empresa não descartou a existência de falhas – informou apenas que nada foi constatado. Por causa disso, a fabricante do avião renovou seu alerta para que os pilotos que voam com seus aviões lembrem-se de que os manetes devem estar na posição idle (marcha lenta) durante o procedimento de pouso quando um dos reversos (freio aerodinâmico acoplado à turbina) estiver inoperante – como no avião da TAM. O alerta havia sido enviado pela Airbus aos clientes seis dias após a tragédia.

Representante

A Airbus vai designar um dos vice-presidentes da diretoria européia para acompanhar no Brasil os trabalhos da CPI e dar apoio à ação das equipes técnicas da Aeronáutica. Segundo um diretor do grupo ouvido pelo Estado, o executivo escolhido será um profissional especializado em segurança de vôo e tecnologia aeronáutica. Até ontem a noite, o processo de indicação estava em andamento. O procedimento foi acelerado depois do incidente ocorrido anteontem, durante sessão da CPI. O jornalista Mário Sampaio, consultor da Airbus, foi convocado como se fosse o representante da companhia no Brasil. A desqualificação do depoente irritou deputados.

As informações são do jornal O Estado de S.Paulo