Os exames de imagem da aposentada Clio Matzenbacher, de 65 anos, há tempos não brilham – e isso é bom. As “fotografias” do corpo, sem pontos coloridos, indicam que o câncer “adormeceu”. E a aposentada, ao contrário da doença, está mais ativa do que nunca. As boas notícias vêm após uma sequência de complicações: foram cinco cirurgias e vários ciclos de quimioterapia e radioterapia contra um câncer de pele que começou há nove anos como uma mancha nas costas.
“Apareceu de uma hora para outra. Não dei muita bola, mas a mancha cresceu. Fiz a biópsia e, em menos de uma semana, fiquei sabendo que estava com melanoma (tipo agressivo de câncer de pele)”, lembra Clio. Ela passou por uma cirurgia, mas, cinco anos depois, os médicos descobriram uma alteração na axila. “Constataram que estava espalhando por vários órgãos.”
Depois de tratamentos que não surtiram efeito, Clio foi incluída, em outubro de 2015, em um estudo clínico de uma droga imunoterápica em uma unidade hospitalar da Beneficência Portuguesa, em São Paulo. O remédio vem surtindo efeito desde então – os exames para monitorar a doença em todo o corpo não constatam atividade do câncer. “70% está resolvido. Qualquer hora vou estar livre.”
Para Clio, além da chance de cura, a vantagem é ter de volta a qualidade de vida que perdeu com os tratamentos anteriores. “A quimioterapia te deixa para baixo, dá depressão, náusea. Agora, ninguém diz que estou doente. Em uma sexta fiz a aplicação (do imunoterápico) e no domingo participei de uma corrida”, diz ela, que vai de 14 em 14 dias ao hospital para receber o tratamento, que pode custar até R$ 30 mil por mês. No caso de Clio, a oferta foi incluída no plano de saúde sem custo extra.
Crônica
Quem vê a dentista Luciana Fiorin, de 43 anos, mergulhando e pedalando também não imagina que há poucos anos ela mal conseguia sair de casa. Para ela, a imunoterapia surgiu quando o desânimo quase batia à porta. “Tenho sede de vida muito grande. Quero fazer tudo e fazer logo.”
Luciana foi diagnosticada com um melanoma em 2012. Depois, os exames detectaram alterações em órgãos como fígado, ovário, baço e cérebro. Ela passou por químio e radioterapia e um tratamento agressivo que a impedia até de ter contato com a claridade. Quando o médico sugeriu o novo tratamento, ainda novo no Brasil, quis tentar.
“Se acontecesse de crescer um milímetro, sairia fora do programa. Foram dois anos de tensão. Mas tudo ficou estável e algumas metástases, inclusive cerebral, diminuíram”, diz ela. Mãe de três meninos, Luciana aproveita a saúde para acompanhar a rotina dos filhos, trabalhar e viajar. “Para mim, a cura já é essa. Poder levar o câncer igual a uma doença crônica.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.