Agentes penitenciários param em protesto

Agências – Por causa da greve dos agentes penitenciários o clima é de muita tensão nos presídios paulistas, com risco de novas rebeliões. Nos últimos dez dias, cinco agentes e um carcereiro foram mortos.

De acordo com os dois sindicatos da categoria, cerca de 45 unidades aderiram à paralisação. O governo confirma apenas 19 unidades. Nesses presídios, as visitas de fim de semana foram suspensas, assim como a entrega de alimentos e outros bens feita por parentes.

Apenas alimentação, assistência médica e soltura são as tarefas executadas normalmente desde que o agente penitenciário Paulo Gilberto de Araújo morreu, baleado, na sexta-feira. Para tentar se defender, os agentes já andam até com as placas dos carros cobertas.

Anteontem, o vigia do prédio da Justiça Federal, na Avenida Paulista, foi morto. A polícia acredita que os criminosos teriam se passado por entregadores de jornal. Francisco de Assis Tavares, de 43 anos, foi atingido por tiros quando se aproximou da porta para atender os supostos entregadores.

A polícia investiga o envolvimento do crime organizado em mais essa morte. Se essa hipótese for confirmada, será o primeiro atentado contra alvos federais.

Risco

Desde o dia 16 de junho, quando houve uma rebelião no Centro de Detenção Provisória de Araraquara 1.443 presos ficaram confinados em um espaço com capacidade para apenas 160 pessoas. A situação também é precária na Penitenciária II de Itirapina, no interior do estado. Mil e duzentos e cinqüenta presos se amontoam numa ala projetada para 150 pessoas. Dois pavilhões foram destruídos em maio.

De acordo com o diretor da penitenciária, o prejuízo causado pelos detentos chega a R$ 7 milhões. Ainda não há previsão para o início das obras de recuperação do prédio. A Secretaria de Administração Penitenciária informou que os presídios de Araraquara e de Itirapina vão ser reformados em regime de urgência. As obras em Araraquara devem começar na próxima semana.

PM executado com 20 tiros

O sargento reformado da Polícia Militar Roberto Alves da Silva, de 47 anos, foi executado anteontem à noite na zona leste de São Paulo. O crime aconteceu numa farmácia na Estrada do Imperador, bairro de Ermelino Matarazzo. O policial militar trabalhava como segurança da farmácia quando, por volta das 23 horas, dois homens armados de fuzil invadiram o local.

A dupla efetuou 20 disparos dentro da farmácia e pelo menos 15 deles atingiram Roberto Alves. Ele chegou a ser levado ao Hospital de Ermelino Matarazzo, mas não resistiu. Os autores do crime conseguiram fugir. A ocorrência foi registrada no 62.º Distrito Policial do Jardim Popular, que investiga agora se a execução está relacionada aos últimos ataques contra agentes penitenciários e policiais em São Paulo.

Fogo no TRE paulista

Um incêndio atingiu um depósito da Justiça Eleitoral de São Paulo, no fim da madrugada de ontem, na zona norte da capital paulista. De acordo com o Centro de Operações do Corpo de Bombeiros (Cobom), o fogo aconteceu, por volta das 5h35, na Avenida Paulo Ferreira, número 10, no bairro da Freguesia do Ó. Cinco guarnições foram para o local e demoraram cerca de duas horas para apagar as chamas. Ninguém ficou ferido.

O depósito funciona como arquivo, onde são guardados computadores e outros materiais antigos. A ocorrência foi registrada no 28.º Distrito Policial da Freguesia do Ó. Ainda não se sabe a origem do fogo e se o caso pode ter alguma relação com os ataques verificados nos últimos dias em São Paulo.

Parentes de presos reclamam

Esposas, mães e filhos dos presos protestam e pedem a presença da direção da Penitenciária 2 de Itirapina, no interior de São Paulo, assim como notícias dos presos que ocupam uma única ala do presídio. O diretor plantonista Paulo Redondo mandou avisar que não falaria com familiares.

Os detentos estão amontoados e dormindo no chão, informam os familiares. Em uma ligação telefônica gravada pelos jornalistas, um preso afirmou que está com receio de envenenamento através da água ou comida. ?Os banheiros estão quebrados, sem água e condição de uso?, disse um preso pelo celular, em conversa com sua mãe. Os presos foram isolados em uma única ala porque quebraram as celas na rebelião do dia 16 de junho e desde essa data, dez túneis já foram localizados próximos às muralhas.

 Na Penitenciária de Araraquara não há protestos, mas as mulheres presentes permaneceram do outro lado da rua, aguardando informações da direção do presídio. Desde a última rebelião, em junho, as visitas foram canceladas. Eles estão em uma ala. As portas de acesso foram soldadas pelos funcionários para evitar que eles circulassem dentro dos pavilhões destruídos na rebelião. A refeição chega aos presos por cima de um muro. A água e a energia elétrica foram cortadas.

Nas conversas entre os presos e familiares em Araraquara há relatos de maus-tratos e da presença de feridos no presídio. Os familiares prometem continuar insistindo em visitar e entregar os mantimentos para os parentes que estão presos.

Policial escapa de atentado

Um policial militar foi vítima de um atentado a tiros, no fim da madrugada de ontem, na Rodovia Ayrton Senna, na Grande São Paulo. Valdo Leôncio de Lima trafegava com seu veículo, por volta das 5h30, quando foi atacado na altura do quilômetro 22, bairro de Cidade Satélite, município de Guarulhos.

Dois homens que ocupavam uma motocicleta passaram do lado do carro do PM e efetuaram diversos disparos. Os tiros acertaram os vidros e outras partes do automóvel, mas Valdo não chegou a ser atingido. Os criminosos fugiram. A ocorrência foi registrada no 4.º Distrito Policial de Guarulhos.

Agentes terão esquema de proteção

O secretário de Segurança Pública de São Paulo, Saulo Abreu, disse ontem que uma ?linha vermelha? será criada para proteger os agentes penitenciários. ?Já temos um esquema de proteção, acompanhamento e monitoramento dos agentes?, afirmou. O anúncio oficial deve ser feito hoje.

O governador de São Paulo, Cláudio Lembo (PFL), não quis falar sobre o pacote de medidas de segurança, mas admitiu que o porte de arma dos agentes é um dos pontos que serão bem discutidos. ?A princípio estamos dando apoio, mas a portaria federal (que libera o porte) não é de muito boa qualidade, tem certa superficialidade.?

O governador afirmou que os presos do Centro de Detenção Provisória (CDP) de Araraquara terão ?uma situação de melhor conforto? em cerca de 30 dias. Antes disso, segundo Lembo, não há muito o que fazer. ?Não tenho varinha de condão. Não sou mágico, apenas um administrador e determinei contrato de emergência.?

Placas

O governador considerou ?muito normal? a atitude dos funcionários do CDP de Pinheiros, na zona oeste, que no sábado cobriram as placas dos carros com medo de serem alvos de ataques. ?Todos nós temos essa preocupação de preservação da vida. Eles fizeram isso e fizeram bem."

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