Agentes iniciam greve nos presídios de São Paulo

O clima de tensão no sistema prisional paulista levou os agentes penitenciários a antecipar a greve da categoria, paralisando neste domingo (19) nove unidades prisionais no Estado de São Paulo. Os agentes de sete unidades do complexo Campinas-Hortolândia, do Centro de Detenção Provisória (CDP) de Americana e da penitenciária de Valparaíso paralisaram as atividades e, com exceção de Valparaíso, não autorizaram a entrada de familiares para visitar os presos no sábado (18) e domingo (19). Em Valparaíso, os presos ficaram dois dias sem tomar banho de sol.

A antecipação da greve – que já estava marcada para ter início nesta segunda-feira, 20 – ocorre devido ao assassinato do agente Rodrigo Ballera Miguel Lopes, de 33 anos, do CDP de Campinas, morto a tiros na quinta-feira, 16, e espancamento de outros quatro agentes – um no CDP-4 de Pinheiros e outros três na penitenciária de São José dos Campos. O assassinato é o oitavo de agentes penitenciários este ano no Estado. De acordo com os líderes sindicais, os crimes são praticados por determinação do Primeiro Comando da Capital (PCC), facção que domina os presídios paulistas.

De acordo com o presidente do Sindicato dos Agentes de Segurança Penitenciária do Estado de São Paulo (Sindasp), Daniel Grandolfo, a partir desta segunda-feira, 20, apenas os serviços de emergência médica e de alimentação dos presos serão mantidos. “Estão suspensas as entregas de jumbo (alimentos e outros pertences levados pelos parentes) e de Sedex e também a transferência de detentos, entre outros serviços”, afirmou.

Segundo Grandolfo, ao contrário da greve programada, a paralisação do fim de semana não teve qualquer interferência do sindicato. “Esta antecipação é um exemplo de como anda o clima dentro dos presídios. Estávamos marcados para iniciar a greve no dia 20, e o sindicato cumpriu todas as obrigações da lei com assembleias e tudo, mas os agentes estão revoltados com a insegurança”, explicou.

Os agentes reivindicam que o governo cumpra os acordos feitos com a categoria na greve do ano passado, como o pagamento de bônus salarial, que não foi feito, e a retirada de processos disciplinares administrativos contra 32 grevistas. Além disso, eles reivindicam a reposição da perda inflacionária, em torno de 7%, e maior segurança no trabalho, como o chamado acautelamento que é a autorização para uso de coletes à prova de bala e armas fora do horário do trabalho.

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