Rio (AE) – O Ministério Público Federal instaurou um inquérito civil público que vai investigar a evolução patrimonial de agentes da superintendência da Polícia Federal no Rio para apurar se eles enriqueceram de forma ilícita. Sete agentes e um informante estão presos acusados pelo furto do equivalente a R$ 2 milhões em notas de dólares, euros e reais, guardadas em um cofre no prédio da superintendência. O dinheiro e quase duas toneladas de cocaína foram apreendidos durante a Operação Caravelas, que desbaratou uma quadrilha de tráfico internacional de drogas.
O inquérito, iniciado terça-feira, tem o objetivo de investigar supostos atos de improbidade administrativa cometidos por agentes da Delegacia de Prevenção e Repressão a Entorpecentes (Delepren). Além do furto do dinheiro, policiais federais estariam envolvidos também em desvio de cocaína, que seria vendida a traficantes de drogas, e em homicídios. Caso os crimes sejam comprovados, os agentes podem ser expulsos da PF.
As investigações sobre o furto do dinheiro tiveram uma reviravolta com o depoimento em que o escrivão da PF Fábio Kahir, responsável pela chave do cofre, acusou o agente Marcos Paulo da Silva Rocha, que estava de plantão na Delegacia de Dia no momento do crime, de ser responsável pelo furto. Segundo Kahir, Rocha teria confessado a ele a autoria do crime, cometido com a ajuda de um amigo, Ubirajara Saldanha Maia, o Bira. Os três estão presos.
Kahir prestou depoimento à Justiça Federal na sexta-feira da semana passada e decidiu colaborar com a polícia em troca de benefícios. Ele também deu detalhes sobre outros casos, como o furto de cheques durante a operação que prendeu o publicitário Duda Mendonça em uma rinha de galos, no qual Rocha teria participação, e o assassinato de dois homens na Barra da Tijuca, crime que teria sido praticado também por Rocha, na presença de Kahir. A respeito dos cheques, o escrivão mencionou o envolvimento ainda dos agentes André Campos e Clóvis Barrouin Mello Neto.