O desafio do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de inaugurar uma agenda positiva com a nova presidente argentina, Cristina Kirchner, tende a ser dificultado por três recentes imbróglios. A visita do presidente brasileiro a Buenos Aires, no próximo dia 22, será marcada por desavenças sobre o comércio de trigo e a resistência da Argentina ao livre comércio automotivo, que começaria em julho. Os riscos de desabastecimento de energia elétrica em ambos os países no inverno serão confrontados, no dia seguinte, com a posição do governo Evo Morales, da Bolívia, que antecipou não ter capacidade de prover seus vizinhos com o volume de gás natural previsto nos contratos que firmou.

continua após a publicidade

O presidente Lula deverá desembarcar na noite da próxima quinta-feira na Argentina, munido de um discurso em prol de uma agenda positiva, alicerçada no crescimento de 169% no comércio bilateral desde 2003. Esse esforço tenderá a ser correspondido por Cristina Kirchner, apesar de seu país ter caído do segundo para o terceiro lugar entre os principais provedores de bens ao Brasil.

Cristina Kirchner e Lula deverão exibir à imprensa acordos de cooperação nas áreas nuclear e militar – que prevê a construção conjunta do veículo blindado Gaúcho – e uma certa proximidade colhida dos encontros oficiais anteriores. Ambos já acertaram a realização de uma reunião semestral para tratar de divergências e para aprofundar a relação dos dois países. Mas não conseguirão fugir dos dilemas que assombram os interesses nacionais.

continua após a publicidade