A AES Elpa, controladora da Eletropaulo Metropolitana, conseguiu adiar para 16 de dezembro o pagamento de US$ 85 milhões que deve ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), vencidos na segunda-feira. A empresa declarou que ?continua em negociação para remanejar os pagamentos devidos por ela, referente às ações ordinárias da Eletropaulo?.
A notícia, porém, foi recebida sem entusiasmo pelo mercado, que considera difícil a empresa conseguir dinheiro até a data para quitar sua dívida. Para Sérgio Tamashiro, analista do Unibanco, a companhia teria de captar recursos no mercado para honrar o compromisso. Mas com o nervosismo do cenário econômico mundial essa possibilidade torna-se distante.
Segundo fontes, a proposta inicial do BNDES previa o pagamento de 30% do valor, além de a empresa ter de aumentar as garantias para concluir a negociação. A oferta teria sido rechaçada, principalmente por causa da última exigência. ?A empresa está caminhando para uma situação complicada?, diz o analista do BBA, Marcos Severine. Uma das soluções, afirma ele, seria a matriz aportar dinheiro na AES Elpa, mas a controladora também está em situação delicada. ?Outra opção é vender ativos, mas, no Brasil, acho difícil concluir alguma negociação antes do próximo governo.?
A dívida que venceu segunda-feira faz parte do financiamento contraído com o BNDES em 1998 para aquisição da Eletropaulo, arrematada no leilão de privatização. Outros US$ 500 milhões vencem em abril e outubro de 2003.
A AES Transgás, que detém 39% do capital da Eletropaulo, ou 64% das ações preferênciais, terá de pagar US$ 330 milhões em janeiro e US$ 275 milhões em janeiro de 2004. ?Se somarmos as duas empresas, são quase meio milhão de dólares vencendo a cada semestre?, diz Tamashiro. A AES Elpa deu como garantia para o BNDES suas ações na Eletropaulo.