Aeronáutica pode remanejar 1.500 para estancar apagão

São Paulo – O plano B que o governo diz ter em caso de nova paralisação dos controladores pode incluir o remanejamento de cerca de 1.500 militares que seriam capazes de atuar nessa função. Nem todos trabalham diretamente no monitoramento do espaço aéreo, de acordo com a avaliação desses mesmos oficiais, mas foram treinados e atuaram nos centros de controle (Cindactas). A questão é que eles acabaram migrando para outros setores, por força da carreira militar, e, numa situação emergencial, poderiam passar por cursos de reciclagem e assumir os consoles dentro de um mês.

Cada um dos quatro Cindactas possui, em média, 60 sargentos controladores no setor de defesa aérea, totalizando 240 profissionais. Em casos extremos, lembra outro oficial, também seria possível deslocar outros 60 praças que atuam no Grupo de Comunicação e Controle, área de suporte operacional em funcionamento nas bases aéreas de Natal (RN), Fortaleza (CE), Santa Maria e Canoas (RS). ?Todos esses sargentos e suboficiais que trabalham como controladores de vôo têm a mesma formação. Por isso, a adaptação a novas funções é simples e rápida?, esclarece o militar da Aeronáutica.

Na visão de oficiais, a medida poderia ser implementada com sucesso, pois os únicos focos de insubordinação estão nos quartéis de Brasília, Manaus e Rio. ?É uma minoria que, depois do acidente com o avião da Gol (em setembro do ano passado), começou a insuflar os demais?, acusa o militar da FAB. ?Por que não foram registrados motins em São Paulo, por exemplo??, questiona.

A possibilidade de remanejar oficiais chegou a ser discutida pela Alto Comando durante a operação-padrão deflagrada no ano passado por sargentos do centro de controle aéreo de Brasília (Cindacta-1). ?É uma alternativa possível, sim. O que não podemos aceitar em hipótese alguma é um controlador recém-formado peitando comandantes que têm 35 anos de FAB (Força Aérea Brasileira)?, protesta um oficial da Aeronáutica.

Lula descarta saída de Waldir Pires

Foto: Antônio Cruz/ABr
Lula conversa com ministro da Defesa, Waldyr Pires: ?Reforma ministerial já acabou.?

Brasília (AE) – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva garantiu ontem, logo após almoçar com o presidente do Equador, Rafael Correa, que não vai substituir o ministro da Defesa, Waldir Pires. ?Não tem troca de ministro. A reforma ministerial acabou.? Em seguida, completou recorrendo ao portunhol: ?Se queden tranqüilos.?

Essa não foi a única vez que Lula apelou para a mistura do português com o espanhol. Ao ser questionado sobre a probabilidade de instalação da CPI do Apagão Aéreo, o presidente reagiu com bom humor: ?é preciso esperar decisão da suprema corte brasileña?, referindo-se ao Supremo Tribunal Federal.

O presidente aproveitou para fazer um balanço dos problemas do setor aéreo e disse ter hoje um diagnóstico correto da situação. ?A Aeronáutica está com responsabilidade de não permitir que aconteça mais isso. Obviamente que pode acontecer um ou outro atraso. Ontem (terça-feira), por exemplo, teve uma chuva muito forte em são Paulo e hoje (ontem) caiu um pequeno avião em Roraima?, avaliou.

A uma pergunta sobre a decisão dele de suspender a ordem de prisão aos controladores na última sexta-feira, respondeu: ?Não se trata de mandar prender ou soltar. Não precisamos prender as pessoas. O que precisamos é dialogar. Agora as pessoas precisam saber que a negociação tem que ser feita de forma mais madura e mais consciente possível.?

Sobre a punição dos controladores que se amotinaram na última sexta-feira, o presidente observou que o Ministério Público Militar entrou com um pedido de inquérito policial militar. ?Vamos aguardar a apuração. O governo não vai punir ninguém, e não vai punir mesmo. Até porque longe de mim de punir alguém?, sem fazer referências ao pedido de anistia apresentado pelos controladores de vôo.

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