O comando da Aeronáutica determinou ontem a prisão de administrativa de Moisés Gomes de Almeida, vice-presidente da Federação Brasileira das Associações de Controladores de Tráfego Aéreo (Febracta), por uma entrevista concedida à rádio "CBN" na sexta-feira passada. A decisão teria sido tomada após uma reunião entre o coronel Eduardo dos Santos Raulino, comandante do Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo I (Cindacta-1), de Brasília, com 60 sargentos, controladores de vôos. Na reunião, Raulino teria afirmado que "colocaria ordem na casa", pois estava sob pressão e que não admitiria qualquer tipo de desmando.
Essa já é a segunda prisão ordenada pela Aeronáutica em represália a entrevistas concedidas por controladores de vôos à imprensa. A primeira ocorreu na noite da última quarta-feira, 20. O alvo foi Carlos Henrique Trifilio Moreira da Silva, presidente da Febracta. O militar, que trabalha há 20 anos como controlador, deve cumprir 24 dias de prisão a partir do dia 2 de julho. Em entrevista à revista "Veja", Trifilio, em uma de suas frases, afirmou: "Entra qualquer um. Eu tenho controlador gago, surdo. Os caras estão na rede, operando. E como precisa de pessoal, eles são habilitados em condições precárias".
No caso do vice-presidente da Febracta, este teria afirmado que vai procurar se defender na Justiça, mas acha que tem poucas chances. Além disso, Moisés teria afirmado que também está ameaçado de prisão, pelos mesmos motivos, o presidente da Associação Brasileira dos Controladores de Tráfego Aéreo (ABCTA) Wellington Rodrigues.