O governador de Minas, Aécio Neves (PSDB), disse que o PSDB não pode entrar numa terceira "aventura" eleitoral em 2010 e ironizou os petistas que querem um terceiro mandato consecutivo para o presidente Lula. Em entrevista na Suíça, onde amanhã participa na sede da Fifa da festa de anúncio do país-sede da Copa do Mundo de 2014, Aécio disse que a novidade do próximo pleito presidencial é a ausência de Lula nas cédulas. "O presidente termina seu mandato em 2010 e nós temos que nos preparar para disputar e com boas chances", afirmou. "Até porque depois de 40 anos, pela primeira vez vamos ter uma eleição direta sem o Lula.
Em conversa com jornalistas, Aécio disse que o fato do presidente não disputar a próxima eleição é uma "mudança extraordinária". "Depois do Jânio, não tivemos nenhuma eleição direta sem o Lula na chapa, só isso já é uma mudança extraordinária, muda tudo", afirmou. O governador disse avaliar que a proposta de um terceiro mandato consecutivo, que foi rejeitada em público pelo próprio Lula, é uma tentativa "séria" de alguns setores, não do presidente. A um comentário de que Lula estará ausente nas cédulas mas poderia estar presente nos "santinhos" dos candidatos, Aécio Neves disse que o Brasil não tem tradição de transferência de votos.
Aventura
Aécio Neves disse que o PSDB deve levar em conta o potencial de crescimento dos pré-candidatos para a escolha do nome que representará o partido em 2010. Ele avaliou que o candidato deve ter capacidade de unir forças políticas, fazer alianças e demonstrar "naturalidade". "O PSDB estará unido, até porque tem juízo", disse. "Já apanhamos tanto, perdemos duas eleições seguidas. O PSDB não vai entrar em aventura", completou. "O candidato do PSDB vai ser o que demonstrar naturalidade eleitoral e capacidade de construir alianças.
Aécio ressaltou que tanto o governador de São Paulo, José Serra, que também está em Zurique, quanto Geraldo Alckmin não conseguiram atingir esses pontos em 2002 e 2006, respectivamente. "Tivemos, em determinados momentos, candidaturas que não atingiram uma dose de naturalidade", afirmou. "(Serra e Alckmin) foram dois experientes candidatos, dois homens públicos dos mais preparados, mas naquele momento não eram os candidatos naturais", ressaltou. Aécio Neves disse que a escolha do candidato do PSDB para concorrer em 2010 não deve levar em conta apenas pesquisa, mas potencialidade de crescimento.
A uma pergunta se assistiria a Copa do Mundo de 2014 apenas como simples torcedor ou ocupando um outro cargo, o governador respondeu: "Isso não depende de mim, depende das pessoas, do País". "Espero que em 2014 possamos crescer com taxas mais vigorosas", completou. "Estarei nesse time, não importa em qual posição.