O advogado do traficante Celso Luiz Rodrigues, o Celsinho da Vila Vintém, Luiz Carlos de Andrade, envia amanhã (29) um ofício à Secretaria de Segurança Pública do RJ e à governadora Benedita da Silva (PT), pedindo a transferência do seu cliente do presídio de segurança máxima Bangu 1, na zona oeste do Rio. Celsinho está mantido em isolamento porque teria sido ameaçado de morte.
O advogado disse que esteve com Celsinho no sábado e encontrou seu cliente preocupado. ?Ele não esperava pela transferência e disse que estranhou muito isso. Celsinho começa a achar que há um jogo de interesse para que ele seja assassinado?, relatou Andrade. Desde a rebelião, em que quatro ex-aliados de Celsinho foram mortos, o traficante ficou preso no Comando de Policiamento do Interior de Niterói, onde também se queixava das condições da carceragem.
A coordenadora de Segurança e Justiça da Secretaria de Segurança Pública, Jacqueline Muniz, respondeu às insinuações do advogado. ?Os presos que adquirem visibilidade tem por praxe pedir seguro. Sobretudo após um incidente (como o que houve em Bangu). A nós interessa que eles estejam vivos para que possam colaborar e sejam julgados?, garantiu.
Ela confirmou que a secretaria foi informada das ameaças a Celsinho, mas disse não divulgará as medidas tomadas por questões de segurança.
Na rebelião de Bangu 1, quando integrantes do Comando Vermelho (CV) mataram os principais líderes da facção Amigo dos Amigos (ADA), Celsinho da Vila Vintém foi poupado. Ele teria aceitado aliar-se a Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, para permanecer vivo. Todos os presos que estavam na mesma galeria do traficante e sobreviveram à chacina foram remanejados para outras unidades do Departamento do Sistema Penitenciário. Celsinho foi o único que voltou para Bangu 1.
Andrade quer a transferência de seu cliente para uma cela do presídio Milton Dias Moreira, no Complexo da Frei Caneca no centro da cidade. Ele tem o apoio do corregedor unificado das Polícias, Aldney Zacharias Peixoto, que recebeu denúncias sobre as ameaças de morte a Celsinho.
Mas é pouco provável que Celsinho seja enviado para aquela unidade – foi de lá que o traficante fugiu, em outubro de 1994, após pagar cerca de R$ 90 mil a quatro agentes penitenciários. Foi recapturado em 1996 e conseguiu escapar novamente do Hospital Penitenciário do Complexo da Frei Caneca. Está em Bangu 1 desde maio deste ano, depois de ter sido preso em casa.