Em depoimento de mais de duas horas na Corregedoria Geral da Polícia Civil, em São Paulo, o advogado Jamil Chokr, em cujo carro foram encontrados envelopes com dinheiro e números de distritos policiais de São Paulo, negou, nesta segunda-feira (18) o pagamento de propina a policiais civis para manter máquinas caça-níqueis em funcionamento. O advogado alegou que os números de telefones de investigadores que constam em uma lista apreendida em seu carro e no seu escritório eram apenas contatos profissionais. Ele confirmou que presta consultoria para a empresa fabricante de caça-níqueis Reel Token.
?Ainda teremos de confrontar o depoimento dele com os outros elementos de prova?, disse o promotor Luiz Antônio Nusdeo, do Grupo de Atuação Especial e Controle Externo da Atividade Policial (Gecep). Ainda nesta semana, a Corregedoria da Polícia Civil pretende interrogar os 27 policiais cujos nomes constam na lista telefônica de Chokr. No sábado, a Secretaria de Segurança Pública anunciou o afastamento de 20 policiais que ocupavam cargos de chefia na polícia. Eles já foram removidos para funções burocráticas, que deverão exercer até o fim das investigações.
O advogado Jamil Chokr é suspeito de pagar propinas da máfia do jogo a equipes de delegacias da cidade de São Paulo e já foi investigado por subornar policiais. Chokr foi sócio-gerente da empresa de máquinas caça-níqueis Reel Token, envolvida em um esquema de corrupção que, segundo investigações do Ministério Público Estadual (MPE), rendia R$ 600 mil mensais em propinas a policiais civis de São José dos Campos.
O envolvimento da empresa de Chokr com pagamento de propinas a policiais foi investigado por promotores do Grupo de Atuação Especial Regional para Prevenção ao Crime (Gaerco) do Vale do Paraíba, entre os anos de 2002 e 2003. Um dos sócios da Reel Token, o empresário português Aires Simões Correa, e o gerente da empresa, Rafael Tepedino Filho, foram denunciados pelo MPE por corrupção ativa.