O advogado Bruno de Miranda Lins, que virou personagem da crise do Senado envolvendo o presidente do Congresso, Renan Calheiros (PMDB-AL), com o lobista Luiz Garcia Coelho, foi surrado na madrugada de sábado, em Brasília, na boate Mix. Em boletim de ocorrência registrado na delegacia da Polícia Civil, Bruno acusou Robério Negreiros Filho de tê-lo espancado com ajuda de quatro capangas, que seriam seguranças da empresa do pai do agressor, a Brasfort.
Robério Filho é namorado de Flávia Garcia Coelho, filha do lobista Luiz Garcia Coelho e ex-mulher de Bruno. Na versão apresentada na delegacia, Bruno disse que foi agredido com socos e pontapés no rosto. Encaminhado para o Instituto Médico Legal (IML), o laudo teria constatado traumatismo craniano leve e obstrução da visão direita provocados pela violência dos socos.
Segundo Bruno, nem mesmo seu advogado, Eduardo Caixeta Marinho, teria escapado das agressões. "Eles chegaram batendo, e o Eduardo foi atingido no maxilar e desmaiou. Eu não vi de onde vinham as pancadas e acabei desmaiando. Não tive a chance de revidar". Os agressores teriam sido contidos pelos seguranças da boate brasiliense.
Lins considera os ataques de Robério uma tentativa desesperada de intimidação. "É desespero e, embora eu não acuse um senador da República de estar envolvido nisso, também não descarto". Ele disse que pretende entrar com uma queixa-crime por lesão contra Robério. Flávia Coelho, o pai dela, Luiz Garcia, e Robério Filho acusam Bruno de fazer denúncias para denegrir a imagem da ex-mulher. Luiz Garcia Coelho, segundo Bruno, seria intermediário da coleta de propinas para Renan junto a ministérios chefiados por políticos do PMDB.
A outra versão
Na mesma madrugada de sábado, quase no mesmo horário, Robério deu uma versão completamente diferente para a confusão na boate Mix. Ele procurou a Delegacia da Mulher para contar que foi agredido por Bruno, que lhe teria dado um soco na cara. Robério contou à polícia que estava no camarote da Mix com Flávia, mas, em outro trecho do depoimento, afirmou que a namorada não presenciou a agressão porque no momento da confusão ainda estaria se registrando na portaria da boate.
Bruno disse que entra nesta semana com um processo por lesão corporal e que essa não foi a primeira tentativa de intimidação de Robério. Quando teria iniciado as denúncias contra o lobista Coelho, Robério já o ameaçara. Com o processo de lesão corporal, a Polícia vai iniciar uma investigação para saber o que realmente aconteceu na boate brasiliense.