Advogado do casal Nardoni é hostilizado pelo público

Nos primeiros dias foram apenas vaias. Depois vieram gritos e xingamentos. Ontem, no terceiro dia de julgamento do casal Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá, o que começou como manifestação popular descambou para agressão. O criminalista Roberto Podval, que coordena a defesa do casal, foi duramente hostilizado na porta do Fórum de Santana e chegou a ser atingido de raspão por um chute.

O episódio ocorreu no momento em que os advogados retornavam do almoço. Minutos antes, os avós maternos de Isabella, Rosa Cunha de Oliveira e José Arcanjo de Oliveira, foram aplaudidos pelas pessoas que se aglomeravam diante do Fórum. A avó de Isabella chegou a exibir uma tatuagem que leva no antebraço esquerdo com a inscrição “Isa”, em homenagem à neta morta na noite de 29 de março de 2008.

A equipe de Podval veio em seguida. Ao se aproximarem do Fórum, começaram a ouvir gritos e xingamentos. Um homem passou a berrar quando ficou cara a cara com o criminalista, tudo sob as lentes de fotógrafos e cinegrafistas. O advogado só não ficou em pior situação porque os jornalistas que o cercavam acabaram servindo de “escudo”. No meio da confusão, um jornalista caiu e um segurança se feriu levemente. Depois do tumulto, a equipe subiu para o plenário.

Terceiro dia

O mais longo depoimento do julgamento do caso Isabella, ontem, acabou sem que a defesa conseguisse desmontar a principal prova da acusação: a perícia que pôs Alexandre Nardoni na cena do crime. O embate entre a perita Rosângela Monteiro e a equipe do criminalista Roberto Podval dominou o terceiro dia do júri. A testemunha não teve dúvida ao afirmar: “O réu (Nardoni) defenestrou (atirou da janela) a vítima.”

A perita foi firme e clara, incriminando tanto Alexandre quanto a madrasta de Isabella, Anna Carolina Jatobá. A quinta e última testemunha da acusação surpreendeu a assistente técnica de Podval, Roselle Soglio. Primeiro, quando Roselle questionou como Rosângela sabia que uma fralda com sangue examinada pela perícia estava em um balde com amaciante. “Pelo forte odor de amaciante, aquele azulzinho que eu não preciso dizer o nome”, disse a perita.

A defesa então questionou em que momento a cena do crime teria sido limpa. A perita respondeu que isso ocorreu enquanto a madrasta ligava para a polícia. “O telefone da casa é móvel. Ela fazia enquanto falava. Principalmente para nós, mulheres, isso é fácil, pois nós fazemos duas, três coisas ao mesmo tempo.”

A perita explicou que era impossível para alguém experiente confundir o resultado da luz forense Bluestar, que mostrou a existência de vestígios de sangue no apartamento, com manchas deixadas por nabos e cenouras. Isso porque o sangue deixa manchas diferentes.

Ponto alto

Em um dos pontos altos do dia, Rosângela revelou um dos maiores trunfos da acusação: as marcas de sujeira na camiseta que Alexandre Nardoni usava na noite do crime só poderiam ter surgido se ele tivesse passado as mãos pelo buraco na tela da janela de seu apartamento segurando algo que pesasse 25 quilos, o peso de Isabella. Só dessa forma é que o contato da tela com a camiseta produziria a marca detectada pela perícia.

Pela segunda vez durante o julgamento do caso um dos sete jurados se manifestou. Ele pediu ao juiz para fazer uma pergunta à testemunha. O jurado disse que queria saber se a camiseta examinada pela perícia era a que Nardoni usava na noite do crime. “Sim. Sabemos que era ela pelas imagens da televisão”, disse Rosângela.

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