O advogado Marcelo Leonardo, que representa o empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, acusou o procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, de tratar de forma diferenciada as acusações formais relativas ao mensalão no governo petista e o esquema envolvendo a campanha frustrada à reeleição do então governador de Minas, Eduardo Azeredo (PSDB), em 1998. A denúncia relativa ao chamado mensalão mineiro foi encaminhada nesta quinta-feira (22) ao Supremo Tribunal Federal (STF).

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Leonardo destacou que no inquérito do mensalão federal sustentou "repetidas vezes", que "os valores recebidos pelos políticos eram valores destinados a pagamento de despesas de campanhas eleitorais". "Isso estava definido como crime eleitoral. O fato tinha de ser tratado dessa forma", disse. "Nesse caso agora, o procurador propõe o arquivamento do inquérito em relação a todos os políticos que receberam valores, entendendo que os fatos por eles praticados seria o crime eleitoral, que já está prescrito.

Outros denunciados

Entre os 15 denunciados pelo Ministério Público Federal (MPF) por lavagem de dinheiro e peculato estão o ex-vice-governador de Minas durante o primeiro mandato do governador Aécio Neves (PSDB), Clésio Andrade – presidente da Confederação Nacional dos Transportes (CNT). Clésio, candidato a vice-governador em 1998, divulgou nota em que afirma que na época não era membro do governo mineiro, "razão pela qual não participou de qualquer decisão de governo, especialmente no que tange a ordenamento de despesas do Estado ou de empresas estatais".

A denúncia atingiu também o atual secretário de Finanças da prefeitura de Belo Horizonte, comandada pelo petista Fernando Pimentel. José Afonso Bicalho Beltrão na época ocupava o cargo de presidente do Banco do Estado de Minas Gerais (Bemge). A Polícia Federal apontou no seu relatório que R$ 500 mil em recursos públicos saíram de cinco empresas do grupo Bemge – antes de ser adquirido em leilão de privatização pelo Itaú – para o suposto caixa 2 da campanha à reeleição por meio de cotas de patrocínio de um evento esportivo ("Iron Biker – O Desafio das Montanhas").

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Os representantes dos ex-sócios de Valério na SMPB disseram que não tinham informações suficientes sobre a denúncia para comentá-la. "Não sei do que ele está sendo acusado", afirmou José Antero Monteiro Filho, advogado de Cristiano de Mello Paz. "Não vi a denúncia. É difícil falar alguma coisa", observou Hermes Guerreiro, que representa Ramon Hollerbach. Paulo Sérgio de Abreu e Silva, que representa o advogado Rogério Tolentino, sócio de Valério na empresa 2S Participações, também disse que não tinha informações sobre a acusação formal. "Fiquei sabendo da denúncia por alto.