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Advogado consegue título da OAB aos 18 anos

Quando eram crianças, Mateus e Clarissa ganharam um livro grosso e de letras miúdas, que o pai fazia questão de folhear – cada irmão tinha um exemplar. O quinto artigo do primeiro capítulo era um dos preferidos – do pai, não dos irmãos, que naquela época mal conseguiam decifrar a obra. “Achávamos chato”, confessa ela.

Mas não demorou para que o interesse pela Constituição Federal superasse o tédio. “Meus amiguinhos nem sabiam o que era e eu já entendia a importância. Me sentia conhecedora dos meus próprios direitos.”

Aos 20 anos, Clarissa Costa Ribeiro ainda nem terminou o curso de Direito e já foi aprovada no exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) – condição para exercer a advocacia. O que parece exceção é regra na família dos Costa Ribeiro. Mais novo do que Clarissa, o irmão Mateus de Lima Costa Ribeiro a superou. Conseguiu o título da OAB no mês passado – “com 18 anos, 5 meses e 25 dias”, frisa ele. E tornou-se o advogado mais jovem de todo o País.

No início da adolescência, Mateus passou a consultar, além da Constituição dada pelo pai, obras de temas como filosofia jurídica. E chegou a participar, “de penetra”, das aulas do irmão mais velho, João Neto Costa Ribeiro, de 27, que àquela época ainda ensaiava o ofício de professor na Universidade de Brasília (UnB). Também formado em Direito, João Neto foi o primeiro filho a trilhar a carreira e o primeiro recordista da família: há sete anos, ostentava o posto de advogado mais jovem do Distrito Federal.

“Nossos filhos desde criança foram movidos por uma inquietação intelectual”, diz o pai João Costa Ribeiro, para justificar os êxitos da família. A ninhada segue as primeiras pegadas deixadas pelo patriarca – advogado e professor de Direito – na Brasília da década de 1980.

Os jovens ainda têm o exemplo dos tios: um é juiz, outro desembargador e outros dois são advogados e professores universitários – apenas o tio engenheiro se desgarrou.

Mas a família garante que não houve pressão pela carreira jurídica. “A gente sempre dava opções. Eles tiveram contato com várias profissões”, diz a mãe Rosilene Costa Ribeiro. Ela é pedagoga, também cursou Direito, por incentivo do marido, e chegou a advogar. Durante a infância e adolescência, as crianças frequentavam os tribunais com o pai. Os garotos desde cedo manifestaram a vocação pelo Direito – já Clarissa chegou a pesquisar outras áreas, como Psicologia, mas seguiu a tradição.

A Justiça, em seus processos e palavras, tomava assento na mesa de jantar. Crescidos e com a Carta na ponta da língua, os filhos debatiam entre si e com os pais as decisões polêmicas do Supremo Tribunal Federal (STF). “O ‘juridiquês’ acaba entrando porque todo mundo aqui entende”, diz Mateus. Mais novos, quando “réus”, reivindicavam benefícios. Brigas entre as crianças se transformavam em júri – com direito a réplica, tréplica, ampla defesa e princípio do contraditório. “Nunca tomei uma decisão (em favor de um) sem ouvir o outro”, garante o pai.

Quando Mateus foi aprovado em Direito na Universidade de Brasília (UnB) aos 14, antes de começar o ensino médio, não houve dúvida: brigariam na Justiça para matriculá-lo. A família recorreu pelo direito de o garoto “pular” os três últimos anos da escola. Poucos dias antes do fim do prazo de matrícula, conseguiram uma liminar, mas Mateus só teria 24 horas para fazer todos os testes do 9.º ano do fundamental e do médio. “Foram 50 provas em um dia. Só saía de lá para comer.”

Futuro

Habilitado, ele pensa em seguir a carreira acadêmica, mas também quer atuar como advogado – o pai tem um escritório em Brasília – e prefere a área de Direito Constitucional. Quando larga o terno e a gravata, garante viver como qualquer colega de sua idade. “Gosto de correr e assistir a corridas de Fórmula 1, sair com amigos. Você pode começar a vida cedo sem abrir mão disso.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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