A concordância do relator do Conselho de Ética do Senado, Epitácio Cafeteira (PTB-MA), em adiar a votação do processo contra o presidente da Casa, senador Renan Calheiros (PMDB-AL) por quebra de decoro parlamentar, afastou o único empecilho que impedia a transferência da decisão para a próxima terça-feira. As novas denúncias levaram o próprio Renan e seus aliados a recuar na estratégia montada de arquivar nesta sexta-feira (15) o processo.

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"O senador Renan Calheiros entende que as circunstâncias mudaram e ele não deseja qualquer questionamento sobre o processo. É a vontade dele", disse o líder do governo, senador Romero Jucá (PMDB-RR). Se insistisse na posição de votar hoje, Renan poderia ser derrotado pela oposição, que havia conseguido apoio de senadores da base governista para a proposta do PSDB e do DEM para a tese do adiamento. Os oposicionistas defenderam também a realização de perícia sobre a nova documentação.

Os discursos dos senadores Eduardo Suplicy (PT-SP) e Renato Casagrande (PSB-ES) em favor de adiar a votação deram fôlego à oposição e realçou a divisão na base governista. As novas denúncias criaram um constrangimento entre os senadores e o arquivamento sumário causaria um desgaste político para os aliados de Renan Calheiros. Em meio ao clima de nervosismo que dominou a reunião do Conselho, Cafeteira anunciou sua disposição de renunciar e entregar a relatoria para a petista Ideli Salvatti (PT-SC), caso seu parecer não fosse votado hoje.

O líder do PSDB, senador Arthur Virgílio (AM), fez um apelo para Cafeteira rever sua posição. Apesar disso, Cafeteira insistiu, mas voltou atrás depois alegando ter recebido um pedido de sua mulher que, por sua vez, foi procurada pelo próprio Renan.

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