Acusada pela realização de 10 mil abortos na clínica que possuía no centro de Campo Grande, a ex-médica anestesiologista Neide Mota Machado foi encontrada morta no final da tarde de ontem. Ela estava com uma seringa hipodérmica em uma das mãos, dentro de um carro. Pelas circunstâncias em que ocorreu a morte, a Polícia Civil trabalha com a hipótese de homicídio.
Proprietária de uma chácara no bairro Chácaras do Poder, ela havia ido ontem de carro até a vizinha Chácara Capril Primavera, onde costumava comprar leite de cabra, e parou na entrada do imóvel. Quando funcionários do local se aproximaram do veículo, encontraram Neide morta.
O advogado da ex-médica, Ewerton Bellinati, diz não ter notado alterações no comportamento de sua cliente nos últimos dias. Ela seria levada a júri popular para responder por 25 abortos, dos 10 mil arrolados na acusação feita à Justiça pelo Ministério Público Estadual. Do total, a maioria foi desconsiderada pela não localização das pacientes e por vencimento de prazo para os procedimentos judiciais. Neide havia sido presa em julho de 2007 e, em julho deste ano, teve seu diploma cassado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM).