Além dos fartos elogios de dirigentes petistas a Sarney, a definição presidencial e partidária já teria sido comunicada ao ex-presidente da República pelo ministro-chefe da Casa Civil, deputado José Dirceu (SP). Cabe agora a José Sarney conquistar a maioria dos votos da bancada do seu partido no Senado para sustentar sua candidatura.
Interlocutores do presidente afirmam que o PT está operando no racha do PMDB e do PFL, porque tem a certeza de que não há acordo capaz de lhe garantir o voto unânime dessas bancadas. Mais ainda, os articuladores petistas fizeram as contas e concluíram que podem ter maioria no Senado e na Câmara, onde a maioria dos 74 peemedebistas e pelo menos 30 pefelistas já assumiram o compromisso de apoiar o novo governo e o deputado João Paulo Cunha (PT-SP) para presidir a Casa. Ele disse que vai pedir o apoio dos governadores à sua campanha.
Enquanto o líder Renan mal conseguia disfarçar o desânimo hoje, insistindo que “o PMDB não vai para a oposição por opção, mas que poderá fazê-lo como conseqüência do processo sucessório”, Sarney era a imagem da vitória. Embora Renan afirme estar seguro do apoio de dois terços da bancada de 20 senadores, um amigo de Sarney garante que o ex-presidente também está preparado para vencê-lo na bancada, embora a tendência seja a disputa direto em plenário.
Em conversas com correligionários, o ex-presidente tem insistido que não aceitará disputar dentro de uma bancada artificialmente inflada pelo adversário, que estaria cooptando novos senadores com o compromisso de voto.
Governo apoiará Sarney
Brasília
(AE) – Até então reticente em falar abertamente do apoio ao senador José Sarney (PMDB-AP), o senador eleito Aloizio Mercadante (PT-SP), futuro líder do governo, mudou o tom e não mais disfarça a preferência do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na disputa à presidência do Senado. “Qual é o problema da gente torcer pelo Sarney da mesma forma que o Fernando Henrique pode torcer pelo Renan?”, questiona. Segundo ele, o que tem dificultado o acordo entre o PT e o PMDB na eleição dos presidentes da Câmara e do Senado não são os nomes mas, sim, o fato da cúpula peemedebista ter desrespeitado o acerto feito com o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu.Mercadante diz que o presidente do PMDB, Michel Temer (SP), e o líder Renan Calheiros (AL) propuseram a Dirceu que o partido e o governo aguardassem a eleição das presidências sem buscar novas filiações. “Nós seguimos o que estava combinado, mas eles não” defende. “O PMDB não pode ficar aliciando senadores artificialmente e alterando a composição das bancadas.” Também ficou acertado que os partidos apoiariam a indicação para os cargos feitas pela maiores bancadas. Ele diz que conversou sobre isso com Renan na quarta-feira.
“Temos um acordo de procedimentos e é isso que deve valer”, alega. Um demonstração de boa vontade do partido, na avaliação do futuro senador, seria o adiamento da filiação do senador Romero Jucá (PSDB-RR) para depois da eleição das Mesas. “Nós não vamos participar desse jogo”, insiste.
Aloizio Mercadante defende a manutenção de dois compromissos feitos com o PMDB para ressuscitar o acordo: o distanciamento dos peemedebistas de eventual articulações para formação de blocos e o fim do aliciamento de novos senadores.