O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, recusou-se a adiantar uma data para a entrada em vigor do acordo ortográfico da língua portuguesa, mas salientou a importância desse entendimento.
"Isso [data para entrada em vigor], só com bolinha de cristal, que eu não tenho", afirmou Celso Amorim à Agência Lusa, ao final de uma audiência com o primeiro-ministro português, José Sócrates.
O chanceler brasileiro frisou que não abordou este tema com Sócrates, mas apenas com o ministro português das Relações Exteriores, Luís Amado, e o Conselho de Ministros da CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa).
"Todos reconhecemos que é importante ter o acordo ortográfico, até para fortalecimento da língua", afirmou Celso Amorim. "Para que possamos todos trabalhar em conjunto, o acordo é fundamental. Como podemos trabalhar se um diz actual e o outro, atual?", exemplificou.
Por outro lado, o ministro admitiu que é necessário haver "compreensão" pela demora de alguns países em adotar o acordo.
Em princípio, a ortografia comum da língua portuguesa já poderia entrar em vigor, porque três dos oito países lusófonos (Brasil, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe) já ratificaram o acordo e também o protocolo que o modifica.
O protocolo modificativo, aprovado em 2004, em São Tomé e Príncipe, durante cúpula dos chefes de Estado e governo da CPLP, permite que o acordo vigore com a ratificação de apenas três países da comunidade. Recentemente, Portugal propôs um prazo de dez anos para colocar o acordo em vigor.
Segundo especialistas, as modificações propostas devem alterar 1,6% do vocabulário de Portugal. No Brasil, a mudança prevista é de 0,45%.