Acordo não deve mudar com descoberta de gás em Santos

Brasília – Os bolivianos não devem ficar assustados. A ministra das Minas e Energia, Dilma Rousseff, garantiu que, com a descoberta da reserva gigantesca de gás natural na Bacia de Santos, a relação com a Bolívia não será diminuída. ?Não há uma oposição entre o gás boliviano, mas uma incrementação?, afirmou.

Ela disse também que, em meados de outubro, os governos brasileiro e boliviano devem se encontrar para renegociar o contrato de compra de gás, que vence em 2019. Dilma Rousseff garantiu que, até o encontro, o contrato será respeitado.

No entanto, a ministra deixou claro que a descoberta provoca mudanças de rumos no setor. Um dos efeitos poderá ser, no longo prazo, a queda do preço do gás. ?A reserva assinala a capacidade do preço do gás ser formado internamente. Se eu tenho várias fontes, a formação do preço é diferenciada?, ressaltou.

A partir de agora, o governo terá como desafio adotar estratégias de expansão do consumo interno e redução nos custos de transporte do gás, segundo a ministra. ?Nós temos clareza que sem uma política definida de gás, no sentido de massificar o seu consumo, nós ficaremos paralisados aquém da capacidade de consumo do país?, disse.

De acordo com Dilma Rousseff, com uma política nacional de preços, a concorrência vai se tornar mais acirrada e conquistará o mercado quem oferecer o menor preço. Ela lembrou que a busca pelo aumento de consumo trará bons resultados para todos, inclusive a Bolívia, que poderá usufruir da política de expansão brasileira.

Hoje o Brasil consome 30 milhões de metros cúbicos de gás por dia e conta com um volume disponível de 60 milhões de metros cúbicos. Desse total, 13 a 14 milhões de metros cúbicos por dia são provenientes da Bolívia, que pode oferecer até 30 milhões de metros cúbicos por dia, conforme contrato. Da Argentina, são importados 1,5 milhões de metros cúbicos e 24 milhões são nacionais. O gás argentino importado é o comercializado com preço mais baixo.

A nova reserva, segundo a ministra, poderá elevar o consumo em 72 milhões de metros cúbicos por dia, durante 20 anos. Apesar do potencial relevante a ministra destacou que a grande oferta só trará resultados se houver demanda. ?Isso só é riqueza real se nós consumirmos?, enfatizou. E lembrou que o volume descoberto não é nada ?excepcional, mas significativo para quem está começando? De acordo com ela, só em Buenos Aires o consumo de gás chega a 100 milhões de metros cúbicos diariamente.

Elevar a presença do gás natural na matriz energética é outra meta do governo com a nova reserva, de acordo com a ministra. A idéia é sair dos atuais 7,5% para 20% a 21%, num prazo de seis a sete anos.

Dilma Rousseff acrescentou que soube da descoberta no mesmo dia que a direção da Petrobras foi informada. ?Eu acho que a Petrobras não escondeu?, comentou quanto ao fato da empresa ter revelado a descoberta em primeira mão para analistas que participavam de uma teleconferência, antes de divulgar com algo relevante. ?Se a Petrobrás teve algum equívoco ela vai consertar?, ressaltou.

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