Segundo Genoíno, as conversas com o PMDB sobre a questão deverão ser retomadas logo após a posse do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva. Genoíno disse ainda que na reunião ministerial, o futuro ministro da Fazenda, Antônio Palocci, faria um detalhamento sobre os relatórios produzidos pela equipe de transição sobre os diversos ministérios e órgãos da administração federal. Apesar de considerar a situação do País delicada, Genoíno afirmou que o governo de Lula “olhará para o futuro, guiando-se pelo pára-brisa”. Genoíno disse ainda que pretende continuar os contatos com os partidos que não integram a base de sustentação do governo Lula para tentar fechar acordos para algumas votações no Congresso.
Indignado com as últimas atitudes das cúpulas nacional e estadual do PMDB, o prefeito de Altinópolis, na região de Ribeirão Preto, Marco Ernani Hyssa Luiz, iniciou durante a semana um movimento, enviando um manifesto de duas páginas aos prefeitos do partido no Estado e para várias lideranças (Assembléia Legislativa, governo e governo de transição), por e-mail e fax, para que seja discutido o apoio incondicional ao presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, e ao governador reeleito Geraldo Alckmin. O PMDB não terá ministérios no governo Lula e poderá ser oposição, mas Luiz diz que isso contraria a história do partido, principalmente na luta pela justiça social e democracia, pois entende que as políticas públicas sociais de Lula e Alckmin “estão em consonância” com a população. “O PMDB virou um partido que não consulta as suas bases e minha posição não é fisiológica, não”, diz Luiz.
Apelo
De acordo com ele, o partido, que resistiu à ditadura, lutou pela democracia e pela Constituinte, além de atuar no impeachment de Fernando Collor de Mello, está afastando-se da população, perdendo espaço e caminhando para um processo autofágico. “Queremos que os prefeitos do PMDB, que são muitos, sejam ouvidos e que as decisões não sejam usadas por interesses pessoais ou de alguns grupos.” E acrescenta: “O PMDB não pode perder o bonde por posições pessoais.”
Marco Hyssa Luiz está no segundo mandato como prefeito de Altinópolis e, em 1991, quando era vereador, foi o primeiro a pedir o impeachment de Collor, no 35.º Congresso Estadual de Municípios, realizado no Guarujá. Ele usa o seu exemplo para citar a importância do PMDB no contexto nacional e lembra que São Paulo tem cerca de 90 prefeitos do partido. “No Brasil devem ser quase mil”, diz ele. Por isso, a partir de seu manifesto, ele pretende criar a Frente Ulysses Guimarães dos Prefeitos, que se iniciaria em São Paulo e se estenderia ao País.