São Paulo
– A revista Istoé que chega às bancas neste final de semana traz uma nova listagem da Polícia Federal sobre o caso dos grampos na Bahia. A prática, que seria liderada pelo senador Antonio Carlos Magalhães (PFL/BA) para descobrir elementos de denúncias contra seus desafetos, atingiria mais de mil pessoas em cinco estados. Segundo a revista, o grampo chegaria a pessoas que nem sequer conhecem ACM, mas que de uma forma ou de outra têm relações com desafetos do senador.Teriam sido grampeados hotéis, quartos de hospital, delegacias de polícia e até orelhões. Até agora, a investigação tinha registrado 232 números monitorados. Agora, o número quadruplicou. O relator do Conselho de Ética do Senado, Geraldo Mesquita (PSB/AC), já pediu a cassação do mandato do colega por quebra de decoro parlamentar. O parecer de Mesquita será votado na próxima terça-feira, dia 29.
Enquanto isso, ontem em Salvador a ex-secretária de Segurança da Bahia, Kátia Alves, uma das envolvidas no caso dos grampos telefônicos ilegais na Bahia, mentiu no seu depoimento à Procuradoria da República. Foi o que concluiu o procurador Édson Abdon Peixoto, que durante mais de seis horas ouviu as explicações da ex-secretária.
“Vislumbro atos de improbidade administrativa que podem sim, ser imputados à senhora ex-secretária”, disse Peixoto, explicando que Kátia Alves negou ter qualquer relação com a central de grampos montada na Secretaria de Segurança durante sua gestão, entre 1998 e 2002. “Os depoimentos dos envolvidos tentam passar a idéia de uma desorganização tal na Secretaria que ninguém é responsável por nada, ou seja, crimes aconteceram, improbidades ocorreram no local, uma quadrilha estava atuando lá e ninguém é criminoso.”
Quando os repórteres insistiram em saber se Kátia Alves havia faltado com a verdade, o procurador respondeu: “Se estou dizendo que vislumbro a participação da ex-secretária, do (assessor especial) Alan Farias e do delegado Waldir Barbosa, estou dizendo, dando por óbvio, que ela mentiu”.
Depois de ouvir ou participar da tomada de depoimentos de 50 pessoas acusadas de envolvimento no caso dos grampos, Peixoto adiantou algumas de suas conclusões, que devem ser base da Ação Civil Pública contra os envolvidos. “O artigo 11 (da lei das administrações públicas), de atos que atentam contra os princípios da administração pública, está plenamente configurado e o Artigo 10, que lesa o erário, também”, disse. Ele afirmou ter havido um dano moral ao Estado da Bahia, por causa da ação da Secretaria de Segurança Pública.