ACM acusa Sarney de dar golpe sujo

Brasília – Depois de acusar o presidente do Congresso, senador José Sarney (PMDB-AP), de dar um “golpe sujo” ao adiar para amanhã a ordem do dia do plenário do Senado com o objetivo de facilitar a votação da reforma da Previdência, o senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA) pediu desculpas ao “amigo de mais de 40 anos”.

Sarney ouviu atentamente, mas não perdoou. “Eu preferia não ter tido o apoio a ter a ofensa de V. Exa.”, disse, dirigindo-se a ACM e após ouvir sucessivos elogios e solidariedade dos líderes partidários. Além da amizade, o senador do PFL da Bahia ressaltou o fato de ter trabalhado com o presidente do Congresso e atuado juntos em muitas situações.

Para amenizar o clima de hostilidade criado no plenário, ACM pediu perdão pela “qualificação”, ter falado em “golpe sujo”. Ao mesmo tempo, ele recorreu ao Regimento Interno para reforçar que Sarney havia cometido um erro, pois precisava do suporte de todos os líderes para adiar o expediente.

Isso não acontecera, pois os líderes dos partidos de oposição não haviam sido consultados. O presidente do Congresso reafirmou que pensara que o entendimento entre os líderes estava consolidado e que se encontrava em casa quando o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), informou sobre a iniciativa de adiar as votações de ontem. “Havia um golpe político sobre este assunto, até porque V. Exa. conhece o regimento e o Carrero (Raimundo Carrero, secretário-geral da Mesa) tem a obrigação de saber”, disse ACM.

“Tenho o maior respeito e apreço por V. Exa. e não estou aqui para guardar qualquer mágoa”, continuou, enfatizando as “qualidades morais” de Sarney, a quem chamou de estadista e de um homem público respeitável. Mesmo assim, ACM repetiu que o senador do PMDB do Amapá teria cometido um engano. “Errou, mas não errou intencionalmente”, disse, pedindo para Sarney não guardar “mágoa e ressentimento, pois esta amizade não permite isso”.

A votação da Previdência mobilizou o dia de ontem no Senado. O presidente da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), senador Edison Lobão (PFL-MA), amigo de Sarney, abriu no meio da manhã a reunião destinada à discussão do parecer do senador Tião Viana (PT-AC) à proposta de emenda à Constituição (PEC) que trata da reforma da Previdência. No entanto, ela foi suspensa por volta das 14h para o início da sessão do plenário. A CCJ retomou o debate da proposta de reforma previdenciária para dar início à votação apenas no começo da noite.

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