45 mil pessoas morrem por ano no trânsito brasileiro e mais de 160 mil pessoas ficam com lesões graves, segundo o Datasus (base de dados do Sistema único de Saúde). Além dos traumas causados às vítimas e aos familiares, não passíveis de mensuração monetária, os acidentes de trânsito representam altos custos para toda a sociedade. Só de atendimento hospitalar às vítimas de trânsito, o sistema de saúde pública gastou, no Paraná, R$ 13,7 milhões em 2015 e R$ 12,7 milhões em 2016. Os valores são referentes às 5.414 pessoas que morreram durante o atendimento hospitalar e aos 18.397 mil internamentos, todos provenientes dos acidentes de trânsito.

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Mas quando se falam em custos de acidentes, o cálculo é muito mais complexo. Os dados acima, levantados pela Secretaria Estadual de Saúde do Paraná (Sesa), referem-se apenas ao atendimento hospitalar das vítimas, e englobam apenas o primeiro internamento delas, logo após o trauma. Não estão somados a estes valores outros futuros internamentos, cirurgias, colocações de próteses, tratamentos, etc.

Complexo

Os custos dos acidentes vão muito mais além do que a saúde. Eles também englobam o resgate às vítimas, os danos materiais e patrimoniais gerados, o custo dos serviços de emergência (Siate, polícias, etc.), a previdência social (quanto uma pessoa deixa de produzir economicamente, quando morre ou fica inválida para o trabalho), entre outros fatores.

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) divulgou, em 2015, um relatório que mensura estes custos, especificamente nas rodovias federais (exclui rodovias estaduais, municipais e vias nos municípios). O dado mais atualizado é de 2014 e diz que os acidentes geraram R$ 12, 3 bilhões de custos à sociedade.

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64,7% deste valor está associado ao atendimento às vítimas dos acidentes (atendimento de resgate e hospitalar, tratamento pós internação, perda de produção da vítima devido à lesão ou morte, etc.). Já os custos associados aos veículos representam 34,7% deste montante e englobam danos materiais e perdas de cargas, além dos custos com remoção dos veículos acidentados.

Pessoas improdutivas

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A perda de produção das pessoas é o custo mais impactante: 43% do total dos R$ 12 bilhões levantados pelo IPEA. O número representa o quanto de renda uma vítima deixou de ganhar no período em que ficou afastada de suas atividades econômicas, por estar se recuperando de ferimentos, ou, no caso de morte, o quanto deixou de ganhar caso continuasse economicamente ativo (até aposentadoria e após ela). Os impactos da perda de produção recaem sobre a previdência social e também sobre a família, em função de seu empobrecimento.

Custo muito elevado

Em função da falta de dados dos estados e dos municípios, o IPEA fez uma estimativa simplificada do custo dos acidentes em rodovias estaduais e municipais (que não são a mesma coisa que as ruas municipais, dentro das cidades), em 2014: entre R$ 24,8 bilhões e R$ 30,5 bilhões. Somando-se todos os tipos de rodovias, o custo estimado ficou entre R$ 37,1 bilhões e R$ 42,8 bilhões.

E quando consideram-se os acidentes em ruas municipais (ou aglomerados urbanos, conforme classifica a pesquisa do IPEA), os custos variaram de R$ 9,9 bilhões a R$ 12,9 bilhões no ano de 2014.

O IPEA não aconselha somar os custos dos acidentes nas rodovias federais, estaduais, municipais e nos aglomerados urbanos porque pode acontecer a duplicidade de dados (acidentes que entraram nas estatísticas das rodovias municipais podem ter sido registrados também nos aglomerados urbanos).

Mas, se levianamente todos os números fossem somados, os custos com acidentes de trânsito em todo o Brasil podem ter girador entre R$ 47,5 bilhões e R$ 56,2 bilhões, no ano de 2014. O pesquisador Jorge Tiago Bastos, do Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSV), estimou, para o ano de 2012, que os custos totais no Brasil chegaram a R$ 51, 2 bilhões.

Paraná cada vez mais mortífero

Quando se verifica a quantidade de rodovias federais (em quilômetros) em cada estado e a concentração de mortes nestas rodovias, o Paraná esteve entre os estados com mais mortes em 2014: concentrou 10,2% dos acidentes, perdendo apenas para Minas Gerais; e concentrou 9,4% das mortes, perdendo para Minas Gerias e Bahia. No quesito custos com acidentes, o Paraná foi o terceiro estado a gastar mais com acidentes. (GU)

Quanto os acidentes custam?