Os índices de acidentes de trabalho no Brasil têm caído, mas não o suficiente para colocar o país em um patamar acima do ocupado por vizinhos na América Latina. A avaliação é do representante do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Confea) e diretor técnico da Sociedade Brasileira de Engenharia de Segurança, Jaques Sherique.
Melhoramos, mas não melhoramos o suficiente. Algumas vezes temos mais acidentes do que a média dos países da América Latina Não estou nem comparando com países já desenvolvidos, disse, em entrevista Rádio Nacional.
Dados do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) apontam que, em 2006, 537.457 acidentes de trabalho foram registrados no Brasil, com um total de 2.717 mortes e 8.383 trabalhadores incapacitados. Quando comparados aos índices de 2005, os números revelam uma diferença de 8.246 acidentes de trabalho a menos, além de uma redução de 49 mortes e 5.988 trabalhadores incapacitados.
Apesar da queda nos números, o ministério ainda classifica o índice de acidentes e mortes decorrentes do trabalho no Brasil como relevante. No Dia Mundial em Memória s Vítimas de Acidentes de Trabalho lembrado nesta segunda-feira (28), Sherique diz que a subnotificação de doenças ocupacionais no passado comprometia os levantamentos dos casos.
Ele lembra que, em 2007, os casos de doenças ocupacionais cresceram de forma elevada. Desconfiávamos e agora temos certeza de que essas doenças eram subnotificadas. O diretor explica que uma nova metodologia adotada pelo Ministério da Previdência Social que inclui no registro dos acidentes de trabalho as doenças ocupacionais provocou o acréscimo nos números.
O setor da construção civil, segundo ele, aparece, no passado, como o grande vilão na prevenção de acidentes de trabalho. Na atualidade, entretanto, a área de serviços assumiu a posição.
Principalmente micro e pequenas empresas, porque os registros mais comuns encontrados na Previdência Social são relacionados s doenças de Lesão por Esforço Repetitivo (LER) e Distúrbios Osteomoleculares Relacionados ao Trabalho (Dort), ocasionadas por posto de trabalho inadequado.
O segundo colocado no ranking de acidentes de trabalho é a indústria de alimentos. Sherique ressalta que o perfil das doenças do trabalho tem mudado conforme o avanço das tecnologias e que os principais registros do passado, ligados ao manuseio do chumbo, do algodão e de minerais, hoje dão lugar aos problemas relacionados ergonomia.
O maior número de registros está ligado a doenças com o uso do aparelho esquelético, quando o trabalhador é obrigado a ter um esforço muito grande.
O MTE alerta que os números oficiais relacionados acidentes de trabalho não representam a realidade brasileira, devido existência de empregos informais e de empresas não notificadas que atuam no país.
Ao todo, 849.795 situações irregulares relacionadas segurança e saúde no trabalho foram corrigidas pelo órgão em 2007 80.964 a mais que no ano anterior. Desse total, o setor de construção civil respondeu por 242.427 casos, seguido pela indústria, com 204.417, e pelo comércio, com 165.331.