A Justiça de Minas Gerais recebeu ontem a denúncia do Ministério Público (MP) contra dois policiais militares acusados de cometer duplo homicídio, em fevereiro deste ano, no conjunto de favelas Aglomerado da Serra, em Belo Horizonte. Os PMs vão responder criminalmente pela prática de dois homicídios duplamente qualificados.
Além de aceitar a denúncia, o juiz Guilherme Queiroz Lacerda, do 1.º Tribunal do Júri de Belo Horizonte, também acatou o pedido do MP de conversão da prisão temporária dos policiais, que vencia ontem, para prisão preventiva. O juiz considerou que, além dos indícios de envolvimento dos PMs nos crimes, a liberdade deles poderia causar temor para as testemunhas que serão ouvidas durante a instrução do processo. Cabe recurso da decisão de prisão temporária.
Segundo a denúncia do MP, os policiais militares Jason Ferreira Paschoalino e Jonas David Rosa, durante uma incursão no Aglomerado da Serra, abordaram e mataram Renilson Veriano da Silva e Jefferson Coelho da Silva, usando fuzis da própria Polícia Militar (PM). De acordo com os promotores de Justiça que assinam a denúncia, para acobertarem os crimes, após os homicídios, os militares simularam uma situação na qual estariam sendo atacados por um grupo armado. Além disso, apresentaram uma versão de que Rosa foi atingido na troca de tiros com o grupo.
Porém, de acordo com o MP, as investigações da Polícia Civil e da Corregedoria da Polícia Militar, desmentiram a versão dos militares e apontaram que tudo não passou de uma versão falsa criada por eles.
Após a morte das duas vítimas, no dia 19 de fevereiro, os moradores do Aglomerado da Serra fizeram um protesto, queimando veículos e atirando pedras contra a polícia, que tentava ocupar pontos estratégicos da favela. No dia 22 de fevereiro, quatro policiais envolvidos nas mortes foram presos preventivamente. No dia 25, um deles foi encontrado morto em sua cela no 1.º Batalhão da PM, na capital mineira.