Brasília (AE) – A deputada Raquel Teixeira (PSDB-GO) disse que vai repetir hoje, na acareação com o líder do PL, Sandro Mabel (GO), que recebeu dele em 2003 proposta de R$ 30 mil por mês e R$ 1 milhão no fim do ano para que mudasse de partido. ?Vou reafirmar tudo o que já falei no Conselho de Ética?, afirmou. A acareação está marcada para as 10h, em sessão secreta.
Raquel tentou até ontem à noite fazer com que o embate com Mabel fosse em sessão aberta, com transmissão pela TV. ?A televisão democratiza o debate?, disse. Pediu ajuda ao PSDB, visitou o presidente do Conselho de Ética, Ricardo Izar (PTB-SP), mas não conseguiu liberar a acareação. No encontro com Izar, este lhe disse que o Conselho de Ética é um órgão discreto, que não quer chamar a publicidade para si. ?O que houve na CPI dos Bingos foi um vexame?, disse Izar, a respeito da acareação entre cinco pessoas investigadas, entre eles o ex-assessor da Casa Civil Waldomiro Diniz e o advogado Rogério Buratti. Na discussão que surgiu, eles se xingaram de ?bandidos? e ?mentirosos?.
O deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), que é colega de partido de Raquel, defendeu a sessão secreta. ?Nos meus 18 anos como promotor, nunca vi uma acareação em que uma pessoa se declare mentirosa. Para que os julgadores tirem algum proveito dela, tem de ser muito tranqüila, até para que você possa olhar no rosto de um e de outro, verificar as expressões, ver quem mente?, disse Sampaio. ?Entendo que para a Raquel é melhor que seja aberta, porque ela passa maior credibilidade. Mas para o Conselho a sessão secreta é mais produtiva?, disse.
Raquel Teixeira está indignada com a Corregedoria da Câmara, que tem a intenção de pedir à Mesa Diretoria que lhe aplique uma pena de advertência por não ter denunciado a existência do mensalão assim que foi procurada por Mabel. ?Isso é um absurdo. Quem me ofereceu dinheiro pode se livrar e eu ser punida. Não vou aceitar isso de jeito nenhum.?
A deputada disse que não fez a denúncia porque sabia que não tinha provas. ?Conversei somente com o governador Marconi Perillo (PSDB), a quem comuniquei a oferta que havia sido feita.? Somente depois que Roberto Jefferson denunciou a existência do mensalão é que Perillo contou que havia sido avisado por Raquel da oferta feita pelo líder do PL. ?Eu fui chamada ao Conselho de Ética como testemunha e não como acusadora. Jurei falar a verdade e falei. Vou repetir tudo o que disse antes?, afirmou ela.