Uma ação policial no Empanadas Bar, na Vila Madalena, na zona oeste da capital paulista, terminou com três pessoas detidas na madrugada deste sábado (10). Uma mulher que filmava a abordagem também foi levada para delegacia na parte de trás da viatura, como testemunha. Clientes do estabelecimento acusam a Polícia Militar de agressão e uso excessivo da força. A Secretaria da Segurança Pública (SSP) diz que os frequentadores hostilizaram os agentes e foi necessário “emprego de técnicas de controle de distúrbios” para controlar a situação.

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Segundo relatos de frequentadores, PMs usaram bombas de gás para dispersar alguns jovens que estavam na Rua Wizard, próximo ao Empanadas, por volta das 2 horas. “Alguns clientes foram para a porta do estabelecimento e uns garçons se prontificaram a fechar as portas de enrolar”, relatou Camilla Araújo, que estava no local, em sua página no Facebook. Uma das bombas teria sido atirada na porta do bar, que estava com as janelas fechadas. “Todo mundo começou a ficar desesperado, porque o efeito é forte como dizem, especialmente num lugar abafado.”

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Vídeos que circulam nas redes sociais mostram o momento em que PMs tentam imobilizar uma mulher e levá-la para a viatura. Clientes aparecem tossindo após inalar gás lacrimogêneo e spray de pimenta. “Vi várias pessoas passando mal e os funcionários tentando ajudar como podiam”, escreveu Edu Jacques, que também estava no local.

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Segundo a SSP, um homem teria chutado o rosto de um policial e duas mulheres cometido desacato ao xingar os agentes de “covardes”, “fascistas” e “coxinhas”. Os três foram encaminhados ao 14º Distrito Policial (Pinheiros), onde assinaram termo circunstanciado e foram liberados.

Testemunha

Uma professora filmou a amiga sendo detida. Segundo relata, os PMs voltaram para o bar minutos depois, retiraram seu celular e a levaram para viatura. “Me colocam no camburão, na parte de trás, como uma criminosa, e me conduziram à delegacia”, escreveu a docente, que foi levada como testemunha. “No trajeto tive falta de ar dentro daquela viatura, sem meus documentos, sem meu celular, sem poder me comunicar”, afirmou.

“Tento perguntar o porquê de tudo aquilo, me mandam calar a boca, riem de mim. A mulher policial me faz desbloquear o celular para que eles vissem o conteúdo do vídeo e o retiram da minha mão”, escreveu a professora. Ela contou ainda que foi obrigada a apagar a gravação “por conter imagem de um policial militar”, após mostrar o vídeo para o delegado. “Apago. Assino. Vou embora”, relatou.

Em nota, a SSP afirmou que os policiais foram à Rua Wizard após receber reclamações de moradores por causa do “som alto em veículos estacionados”. Ainda segundo a secretaria, “um grupo que estava no local atirou garrafas e pedras contra os policiais, que também foram hostilizados por frequentadores de um bar”.

A SSP informou que a Corregedoria da PM “está à disposição para apurar denúncias de qualquer pessoa que considera que, na abordagem, houve excesso dos agentes da instituição”. A reportagem não conseguiu contato por telefone com o Empanadas Bar.