Guarda municipal reforça
policiamento nos principais hotéis.

Rio – A estação do trem que leva ao Cristo Redentor, maior símbolo do Rio, foi metralhada por traficantes na noite de anteontem. A polícia havia recebido a informação sobre o ataque ainda à tarde e reforçou o policiamento mas, mesmo assim, a sede da estrada de ferro, erguida em 1882 e tombada pelo Patrimônio Histórico, e a réplica do trenzinho que serve de decoração foram alvos de vários tiros.

A polícia foi avisada de que a estação do bondinho do Pão de Açúcar, outro cartão-postal da cidade, também seria atacada naquela noite, mas o fato não ocorreu. Mas o estrago no turismo já havia sido feito, acredita quem trabalha no setor. A ação dos bandidos foi às 22h30 de segunda-feira. Pelo menos oito criminosos, armados com fuzis e pistolas e em dois carros, atiraram diversas vezes contra a estação e fugiram em direção ao Morro do Cerro-Corá, perto dali. A cabine da PM, distante dez metros, e um edifício que fica a 50 metros também foram alvejados. Dois carros também foram atingidos, mas ninguém se feriu.

Um estava estacionado na Praça São Judas Tadeu, ao lado da estação, e outro, de um fuzileiro norte-americano, passava pela Rua Cosme Velho. Para a PM, o alvo principal do bando era a cabine, que estava vazia na hora. Durante o dia de ontem, foi feita uma operação no Cerro-Corá para capturar os bandidos, mas, até o fim da tarde, ninguém havia sido preso.

O diretor do Trem do Corcovado, Sávio Neves Filho, contou que recebeu às 15 horas de ontem a informação de um ataque ali e na estação do bondinho do Pão-de-Açúcar. A PM informou que o policiamento foi intensificado apenas até às 20 horas, quando os pontos fecham. O movimento de turistas no Cristo foi normal hoje. Os estrangeiros não perceberam que as marcas de tiro na réplica do trenzinho haviam sido cobertas com massa, mas os brasileiros se assustaram. O contador Reinaldo Gomes, de Mato Grosso, disse que não voltará ao Rio. Ele está hospedado no Hotel Meridien, no Leme, alvo de traficantes na segunda-feira. “Nunca mais venho aqui, especialmente com minha família”, disse Gomes, de férias no Rio.

Sávio Neves Filho acredita que a agressão ao mais famoso símbolo carioca terá reflexos em pouco tempo no turismo. “O Rio perde muito porque isso tem repercussão internacional. Está cada vez mais complicado trabalhar com turismo nessa cidade. Quando os dois principais ícones da cidade são ameaçados, é possível até que pacotes sejam cancelados.”

Preocupado com os reflexos no turismo, o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (Abih), Alfredo Lopes, disse que “para o turista, ver a estação do Corcovado metralhada é o mesmo que estar na Disney e, de repente, explodir uma bomba. O turista está aqui para se divertir”. Lopes lembrou que, apesar da violência na cidade, a taxa de ocupação nos hotéis está em 64%, no mesmo período do ano passado, o índice era de 50%.

Achado corpo do advogado de Uê

Rio

– O advogado Copérnico Fontenele, de 58 anos, desaparecido desde quinta-feira, foi encontrado morto ontem à tarde em um terreno de mata fechada, nos fundos de um condomínio de luxo, em Niterói, Grande Rio. Com o corpo do advogado, estava o de seu amigo, Oberaldo Paula da Silva. Segundo a polícia, Fontenele defendeu há mais de dez anos o traficante Ernaldo Pinto de Medeiros, o Uê, morto em uma rebelião em Bangu 1, no ano passado. O delegado Anestor Magalhães, da Delegacia Regional de Polícia de Niterói (DRPN), disse que já identificou os quatro traficantes envolvidos na morte dos dois, mas nenhum foi preso. O único nome revelado até agora é do criminoso Fabio Souza da Silva, o Pará, de 19 anos, que mora na favela da Fazendinha. “São traficantes da Fazendinha e de Itaboraí (cidade onde Fontenele morava, na Baixada Litorânea), que se juntaram para tramar a morte de Fontenele, um homem íntegro e respeitado pela polícia”, disse Magalhães, que não sabe o motivo do crime.

O delegado informou que o fato de Fontenele atuar na defesa de Uê foi uma casualidade. “Ele foi advogado do Uê na década de 90, quando fizeram uma apreensão de drogas em Itaboraí e atribuíram a ele (Uê)”

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