Força de Pacificação

Ação de militares no Rio de Janeiro será nos moldes do Haiti

O comandante do Exército, general Enzo Martins Peri, não assumiu o termo “Missão de Paz” para qualificar o trabalho dos militares no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, embora admita que o trabalho será nos moldes do que já ocorre no Haiti.

“O governador (Sérgio Cabral) tem falado em Força de Paz ou Força de Pacificação. O fato é que estamos aí para colaborar com a normalidade da situação. Estamos apoiando as ações feitas aqui. Recebemos uma missão e vamos devolver a paz para esta comunidade”, explicou.

Durante visita hoje ao local onde o Exército montará a base de atuação no complexo, o general lembrou que há diferenças entre as duas situações: “Aqui é o Brasil, lá é outro país. As regras brasileiras são diferentes. Lá temos o amparo da ONU (Organização das Nações Unidas). Aqui são outras regras. Estamos protegidos, mas nossas missões serão estabelecidas em função das nossas regras”, especificou.

Segundo ele, o preparo da tropa é idêntico àqueles que vão para o Haiti, com a preocupação de evitar que soldados sejam desvirtuados. “Estamos preparados, entendemos que houve casos de situações isoladas. Nós, naturalmente, temos a preocupação de evitá-los. Eles (militares) estão bem instruídos, bem preparados. Tal como fazemos com os contingentes que vão para o Haiti, submetemos o efetivo a um preparo importante. O Centro de Instrução de Operações de Paz (CioPaz) entra nesta parte. Estamos sempre muito atentos a isto tudo”, explicou, acrescentando: “o risco é inerente à missão”.

Depois de admitir que com esta magnitude é a primeira ação que o Exército participa no Brasil, deixou claro que o comando da operação será militar e negou que isto traga problemas.

“Não há nenhum questionamento quanto a isto. Teremos o apoio. A Polícia Civil estará presente. Tudo integrado ao comando militar que teremos aqui na área”, disse. Segundo o general, quando os militares começarem a policiar o Complexo do Alemão também farão buscas, mas com menor intensidade.

“A ideia é que faremos o patrulhamento interno. Os detalhes veremos no desenrolar das conversações. A polícia está terminando a primeira fase das ações e, eventualmente, em determinadas situações, poderia ser o caso (de militares fazerem buscas em casas). Não como agora. Será em um quadro de quase normalidade”.

As instalações do Exército serão montadas no terreno onde no passado funcionou a fábrica da Coca Cola, uma das indústrias que deixaram a região. Segundo o comandante do Exército, o contingente a ser usado vai ser definido a partir da atual missão do Exército na região. Ele admite que possa chegar a dois mil homens.

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