A vitória do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), no julgamento que pedia a cassação de seu mandato no plenário da Casa fortaleceu na Câmara a criação da CPI proposta para investigar a compra da operadora de TV por assinatura, TVA, pela Telefônica. O discurso de Renan de que seu processo seria motivado pela disputa da mídia com o Legislativo foi absorvido por deputados que passaram a defender a CPI como forma de fragilizar a imprensa e deixá-la na defensiva.
A CPI foi proposta em uma operação de aliados do presidente do Senado em retaliação à revista Veja, editada pela Abril, que publicou reportagens revelando supostas irregularidades praticadas pelo senador e que serviram de base para os processos contra Renan no Conselho de Ética. Na Câmara, a proposta encontrou um sentimento de revanche contra a imprensa disseminado em algumas bancadas.
Contrário à CPI, o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), adiou a criação da comissão para depois do julgamento de Renan no Senado na tentativa de diminuir o vínculo entre o processo e a CPI, ao mesmo tempo em que esperava a articulação de líderes para retirar o requerimento de tramitação. Chinaglia, no entanto, deverá ler o ato de criação da CPI na próxima semana.