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Fábio Matavelli/Diário dos Campos
No Paraná, sem terra bloquearam a Embrapa, em Ponta Grossa.

Sorocaba, SP – O ?abril vermelho? do Movimento dos Sem-Terra (MST) fez 81 invasões de fazendas em todo o Brasil para cobrar a reforma agrária do governo Lula. Ao contrário do ano passado, quando o movimento pisou no freio para não prejudicar a campanha do candidato do PT à reeleição, este ano houve intensa mobilização em 21 estados.

As ações se comparam às de 2004, quando o líder nacional João Pedro Stedile prometeu ?infernizar? o governo Lula, desencadeando uma onda de invasões por todo o Brasil. Na época, Stedile cunhou a expressão ?abril vermelho?, numa referência à cor predominante na bandeira do MST. Segundo dados da Secretaria Nacional da Comissão Pastoral da Terra (CPT), que monitora os conflitos no campo desde 1997, em abril de 2004 o MST ocupou 89 fazendas.

Neste ano, o total de invasões é quase o dobro de 2005 -quando o mês de abril teve 44 ocupações de fazendas – e mais que o triplo do ano passado, quando foram apenas 28. No levantamento das ações de abril de 2007 não foram incluídas as ocupações de prédios públicos, bancos e praças de pedágio, que também ocorreram. O MST invadiu 17 prédios governamentais, inclusive agências bancárias oficiais, e ocupou 25 praças de pedágio no Paraná. Também promoveu marchas e o fechamento de rodovias. Nas ações foram mobilizados aproximadamente 22 mil militantes – só a marcha para Salvador reuniu 5 mil participantes. Em São Paulo e Pernambuco aconteceram mais invasões – 19 em cada um.

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A mobilização neste mês tem sua origem no massacre de Eldorado dos Carajás (PA), onde 19 sem-terra foram mortos por policiais militares em 17 de abril de 1996, mas era menos intensa no governo anterior. Em abril de 2002, último ano da administração de Fernando Henrique Cardoso, o MST protagonizou 44 invasões. Em 2001, tinham sido apenas 9.

A coordenadora nacional do MST, Marina dos Santos, disse que a mobilização cumpriu o papel de exigir do governo a aceleração do processo da reforma agrária. As ações, defende, não significam rompimento com o governo Lula. ?Nunca foi intenção romper com o governo, com o qual temos buscado o diálogo, sem perder a posição crítica e independente. Vamos debater, negociar e continuar exigindo a reforma agrária.?

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