São Paulo – O ?abril vermelho? começou com o Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST) e a Confederação de Trabalhadores Rurais (Contag), afiliada à CUT, disputando a posse de uma fazenda no interior de São Paulo. Na manhã de ontem, 150 famílias do MST invadiram a fazenda São Lucas, em Mirandópolis, região de Araçatuba, que na sexta-feira já tinha sido ocupada por cerca de 60 famílias da Contag. A disputa, que coloca em risco uma parceria entre MST e CUT, virou caso de polícia.

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A invasão do MST foi considerada uma provocação pelos militantes da Contag, que estão há mais tempo acampados na região. Na sexta-feira, temendo uma reação contrária do MST, líderes da confederação da CUT foram à polícia registrar um boletim de ocorrência de ?preservação de direitos?. Eles alegam que seus sem terra têm preferência sobre os do MST no recebimento dos lotes numa futura divisão da área para reforma agrária.

Dois acampamentos, um dos MST e outro da Contag foram instalados nas proximidades da fazenda aguardando a desapropriação do imóvel. O MST, que esperava que os colegas da Contag fossem aderir a uma invasão programada para amanhã, dentro do ?abril vermelho?, decidiu antecipar a invasão para ontem, alegando que tem o mesmo direito de pleitear a posse da área.

Conflitos

?Estamos acampados aqui há quatro anos enquanto o MST está só há dois?, diz Valdemar Morabito, líder dos sem terra da Contag e presidente do Sindicato Rural de Mirandópolis. De acordo com Morabito, o clima entre os militantes das duas entidades está tenso e há possibilidade de ocorrer conflitos porque os grupos adversários estão acampados próximos um do outro dentro da fazenda.

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?A Contag tem apenas três famílias nessa região?, rebate Irineu Xavier de Oliveira, coordenador regional do MST. Segundo ele, a Contag arregimentou sem terra em outros acampamentos para invadir a São Lucas. No entanto, admite que o MST também fez o mesmo, mas tem 80 famílias no acampamento, enquanto a Contag não possui mais de três famílias vivendo no acampamento.