A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) em descriminalizar a opção das mães em interromper a gravidez nos casos de fetos anencefálicos criou polêmica e divide opiniões. Os discursos contra e a favor carregam argumentos religiosos e técnicos. Em 2010, o Paraná registrou 44 casos de fetos anecefálicos, enquanto 152 mil bebês nasceram vivos. Só em Curitiba, foram sete casos para 25 mil nascimentos. “É uma má-formação em que a criança não desenvolve o cérebro nem a parte respiratória e de reflexo. Assim ela não sobrevive”, explica a diretora do Centro de Epidemiologia da Secretaria Municipal da Saúde, Karin Luhm. Ela ressalta que se trata do mesmo conceito dos casos de morte cerebral.

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Métodos recentes de exames permitem que a gravidez e as condições do feto sejam identificadas logo nos primeiros meses, fazendo com que a mãe conviva com o diagnóstico de anencefalia em toda a gestação. Agora fica a critério da mãe optar pelo aborto ou não. Pensando na saúde física e psicológica das gestantes, a Associação Médica do Paraná (AMP) considera correta a decisão do STF. “Nessas condições, o melhor é a intervenção precoce em busca da saúde materna”, avalia o presidente da AMP, João Carlos Baracho, que destaca a necessidade da regulamentação da prática.

Saúde pública

O Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) também compartilha da opinião, afirmando que esta é uma questão de saúde pública e não pode ser confundida com aborto.

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Defesa de inocentes

Para a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), “os fetos anencefálicos, como todos os seres inocentes e frágeis, não podem ser descartados e nem ter seus direitos fundamentais violados”. O arcebispo de Curitiba, dom Moacyr José Vitti, compartilha da opinião.

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Na avaliação do professor do curso de Direito da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Antônio Celso Mendes, a discussão envolve duas perspectivas: a jurídica e moral. De acordo com o especialista, o impasse jurídico foi resolvido com a autorização do aborto enquanto a questão moral é subjetiva e fica a critério das pessoas envolvidas.