A 4ª Vara da Justiça Federal em Belo Horizonte instaurou uma ação penal contra dois empresários acusados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) de alimentar a conta off shore Dusseldorf Company, pela qual o publicitário Duda Mendonça teria recebido remessas de recursos de uma dívida de campanha com o PT. As investigações do "mensalão" indicaram que a conta foi usada para recolher verbas de caixa dois pagas por meio do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza. A Justiça acatou na quinta-feira denúncia contra os empresários Glauco Diniz Duarte e Alexandre Vianna de Aguilar por prática de evasão de divisas e lavagem de dinheiro.

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Conforme a acusação, Duarte e Aguilar teriam constituído uma empresa na Flórida, nos Estados Unidos, para operar com troca de cheques, câmbio de moeda estrangeira e remessa de valores. Em seguida, abriram uma conta corrente no BAC Florida Bank em nome da mesma empresa, por meio da qual realizavam operações envolvendo recursos próprios e de terceiros sem a devida declaração à repartição brasileira competente. A conta no BAC Florida funcionava como "autêntica conta-ônibus, uma modalidade de conta que abriga várias outras subcontas, o que permite a dissimulação da natureza, origem, localização, movimentação e propriedade dos valores movimentados", informou o Ministério Público Federal (MPF).

Segundo a PGR, no curso das apurações, os peritos encontraram provas de que os acusados mantiveram depósitos no exterior em valores muito acima dos limites legais. Para o MPF, foi valendo-se de tal mecanismo "que Glauco Diniz e Alexandre Vianna foram acionados para proceder à lavagem de quantias provenientes de crimes contra a administração pública e subseqüentes crimes contra o sistema financeiro nacional", praticados pela "organização criminosa" do mencionado "escândalo do mensalão". Os depósitos na Dusseldorf foram feitos por meio da conta mantida no BAC, segundo os procuradores responsáveis pela denúncia. A reportagem não conseguiu contato com os empresários nem com os advogados deles.

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