Na manhã desta sexta-feira, 6, o celular da auxiliar de limpeza Silvana Santos, de 44 anos, começou a emitir alertas de mensagens: eram imagens de presos mortos no massacre da Penitenciária Agrícola de Monte Cristo (PAMC), em Boa Vista, capital de Roraima. Sem pensar duas vezes, saiu correndo para o presídio, dando início a um calvário de incerteza e medo. É lá onde estão presos o irmão e dois primos dela. “É muita aflição, a gente fica sem saber se morreu ou não”, diz.

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Silvana chegou por volta das 6 horas à penitenciária, onde familiares de outros detentos já aguardavam por informações sobre seus parentes. Do lado de fora, ficou ouvindo o que acontecia na unidade. “Era muito barulho de bomba, bomba, bomba. Tudo quanto era polícia de Roraima estava lá dentro”, afirma a auxiliar de limpeza. Segundo relata, o cenário era de apreensão e tristeza. “Muita gente chorando, idosas passando mal, crianças gritando pelos pais.”

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O irmão dela, Tailson Nascimento de Souza, de 25 anos, está preso na ala 12 da unidade e foi condenado por tentativa de homicídio. “Ele é maltratado demais, está doente. Na última vez que eu cheguei para visitar, ele não tinha nem condições de levantar da cama direito”, afirma Silvana, que reclama da alimentação e do tratamento oferecido aos presos na unidade. “Sabe Deus quando eu vou conseguir vê-lo de novo.”

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A auxiliar de limpeza diz estar convencida de que um primo é um dos 31 mortos no massacre promovido por integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC). “Tenho certeza que ele já foi. Era da ala 5 e, pelo que disseram, não sobrou ninguém de lá”, afirma. “Essas confusões, essas mortes, só podem ser coisa de facção criminosa.”

Segundo Silvana, desde a última chacina, em outubro de 2016, os presos eram mantidos trancados na cela. Saíam apenas às sextas, dia de visita na cadeia. “Hoje, era dia de levar o sabão, de levar comida. Lá dentro não tem nada disso”, afirma. “Entrar lá é uma tristeza. O que a gente vê é uma imundície, as moscas tomando conta, tudo uma nojeira.”