Em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Grampos, o diretor da Divisão de Inteligência da Polícia Federal (PF), delegado Daniel Lorenz de Azevedo, acusou de deslealdade o delegado Protógenes Queiroz, responsável pela Operação Satiagraha, que prendeu o banqueiro Daniel Dantas e o ex-prefeito da capital paulista Celso Pitta, entre outros. Ele disse ainda que dezenas de agentes da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) trabalharam de forma “clandestina” e “ilegal” na operação, além de argumentar que “há um descompasso” entre os recursos de R$ 400 mil gastos na Satiagraha e o resultado do inquérito.
“É muito dinheiro. Eu nunca tive tantos recursos para fazer uma operação. Quando tive, peguei quase uma tonelada de cocaína”, disse Lorenz, ao lembrar que a Operação Satiagraha expediu 56 mandados de busca e prisão, contra os 84 da Operação Navalha – que investigou fraudes em licitações de obras – e os 70 da Operação Furacão – que investigou um esquema de venda de sentenças judiciais.
Chefe imediato de Protógenes até o início de maio, Lorenz afirmou também que investigações em andamento na PF apontam para uma participação na Satiagraha superior a 56 agentes da Abin. Esse número de funcionários foi divulgado pelo diretor da agência, Paulo Maurício, em depoimento à comissão há cerca de um mês.
Ao acusar Protógenes de deslealdade, Daniel Lorenz explicou que o delegado da PF nunca comentou sobre a participação de agentes da Abin na operação. “Isso nos deixa chocado pela forma desleal que nos tratou. Não precisava disso. Parece muito mais uma conspiração.”