O que mais chamou a atenção dos autores da pesquisa do Instituto de Estudos Econômicos, Sociais e Políticos de São Paulo (Idesp) foi a evolução do debate no Brasil e o alto grau de consenso sobre iniciativas que já foram quase tabu. Segundo o cientista político Bolívar Lamounier, 80% do questionário foi diferente do aplicado em 1989, quando o instituto fez sua primeira pesquisa com 450 representantes da elite brasileira. “A agenda do País mudou muito”, diz Lamounier.

Medidas que causaram polêmica, como a Lei de Patentes, são aceitas por 83% dos entrevistados. Com a inflação em 80% ao mês, discutia-se a eficácia de medidas paliativas e se ela era mesmo causada pela disparidade entre receita e gastos públicos. “O conceito de responsabilidade fiscal nem existia”, lembra Lamounier.

Em 1989, 55% viam risco de volta dos militares ao poder. Hoje, caiu para 10%. A percepção do risco de se instalar um “estado crônico de convulsão social”, associado a desigualdades e à criminalidade, caiu, mas continua alta: de 85% para 68%. A “tomada de poder por grupo extremista” era temida por 63%; hoje, por 25%.

O economista Ricardo Carneiro, professor da Unicamp, surpreendeu-se com os itens que indicam que as elites empresariais querem políticas ativas do Estado na economia. O PT “pode ficar mais confortável, pois é mais intervencionista”.

Entre os representantes da elite ouvidos em 1989, estavam o então senador Fernando Henrique Cardoso e o então deputado José Serra. O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, não foi ouvido em nenhuma, pois não se encaixa nos perfis.

continua após a publicidade

continua após a publicidade