Por Mato Grosso do Sul entra a maior quantidade de maconha apreendida no País. Dados da Polícia Federal (PF) revelam que 44% da droga capturada chegou ao Brasil após atravessar a fronteira com o Paraguai. Das 187 toneladas apreendidas por agentes federais em 2008, 82,83 foram encontradas no território sul-mato-grossense. O Estado tem a maior extensão de fronteira com o país vizinho, responsável pela maior produção de maconha do continente.
Logo atrás no ranking das apreensões seguem Paraná (60,5 toneladas), São Paulo (16,8 toneladas) e Minas (5,9 toneladas). Outro levantamento, também do Ministério Público de Mato Grosso do Sul, mostra que 63,54% (10,6 toneladas) da maconha apreendida na cidade de Amambaí, entre 2007 e 2009, abasteceria São Paulo. O município fica a 40 quilômetros do vizinho paraguaio Capitán Bado – capital da maconha. Minas Gerais receberia 15,8% e o restante da droga seguiria para outros Estados.
Com o cruzamento dos dados de apreensão e também de destino da maconha apreendida, o promotor Ricardo Rottuno, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), está convencido de que a luta contra o tráfico de drogas e de armas não pode ser restrita à região fronteiriça. Para ele, o êxito depende de esforço conjunto entre os Estados. Rottuno organiza o 1º Encontro Fronteira Brasil-Paraguai que reunirá hoje e amanhã em Ponta Porã promotores que trabalham nos órgãos similares ao Gaeco de 13 Estados.
FHC
Discutir possíveis mudanças nas leis relacionadas às drogas é o objetivo do documentário “Rompendo o Silêncio”, de Fernando Grostein Andrade, que terá no ex-presidente Fernando Henrique Cardoso sua figura central. Integrante da Comissão Latino-Americana de Drogas e Democracia, junto com outros dois ex-presidentes da região, FHC defende a descriminação da maconha quando para consumo próprio.
O cineasta decidiu convidar FHC por sua atuação na Comissão, integrada por Ernesto Zedillo, ex-presidente do México, por César Gaviria, da Colômbia, e por escritores, jornalistas, políticos e juízes. O grupo se propõe a avaliar a eficácia das atuais políticas de combate às drogas e a elaborar sugestões para aprimorá-las. O pressuposto é que a chamada “guerra ao tráfico” não está dando certo na América Latina.