Quatro em cada dez professores brasileiros já ajudaram alunos a enfrentarem situações problemáticas ocorridas na internet como bullying, discriminação, assédio e disseminação de imagens sem consentimento. Os dados fazem parte da 8ª edição da pesquisa TIC Educação, divulgada nesta quarta-feira, 22, pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br).
A pesquisa, de abrangência nacional, mostra a apropriação das tecnologias da informação e comunicação pelas escolas brasileiras.
Segundo o estudo, 56% dos professores das áreas urbanas já promoveram debate com os alunos sobre como usar a internet de forma segura e 66% estimularam os alunos a debaterem sobre problemas que enfrentam na internet.
“Este foi o primeiro ano que a gente coletou esse dado. Coletávamos com os diretores e perguntamos para os professores se eles já tinham ajudado os alunos. Vamos aprofundar essa questão e abordar o uso crítico das tecnologias. Se o professor compreende as atividades que os alunos desenvolvem na internet e se eles sabem o que divulgar ou não.”, explica Daniela Costa, coordenadora da pesquisa.
Segundo Daniela, a pesquisa apontou que as escolas particulares desenvolvem mais atividades para lidar com essas situações, mas, tanto na rede privada quanto na pública, as ações são mais ligadas a atuar diante de problemas do que em iniciativas preventivas. “Perguntamos se, no último ano, a escola tinha realizado algum debate e os porcentuais foram menores do que se a escola tinha realizado esse tipo de atividade em algum momento. Pode ser que essas ações ainda sejam pontuais, não estejam integradas e ocorram quando algo acontece na escola.”
A conectividade dos estudantes também tem alterado o comportamento em sala de aula. De acordo com a pesquisa, 29% dos professores já receberam trabalhos ou lições pela internet, 42% tiraram dúvidas dos alunos online e 48% disponibilizaram o conteúdo na internet para os estudantes.
Os números, no entanto, são desiguais se comparadas as redes pública e privada do País. Sete em cada dez alunos da rede privada dizem fazer trabalhos a distância com a internet. Na rede pública, esse porcentual cai para 60%.
Acesso à internet
A conexão de estudantes e professores também é desigual, quando são comparadas as áreas rurais e urbanas. A pesquisa aponta que, entre as escolas rurais, só 36% tinham acesso à internet. Quase metade delas (48%) apontaram a falta de infraestrutura na região como motivo para a falta de internet e 28% destacaram o alto custo da conexão.
A pesquisa coletou dados de 957 escolas localizadas em áreas urbanas e realizou 1.481 entrevistas com diretores ou responsáveis pelas instituições de ensino localizadas em áreas rurais.