O número de domicílios brasileiros que se encontravam em “algum grau de insegurança alimentar” caiu de 34,9%, em 2004, para 30,2%, no ano passado, de acordo com pesquisa divulgada nesta manhã pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo o levantamento, em 2009, 65,6 milhões de pessoas residentes em 17,7 milhões de domicílios “apresentavam alguma restrição alimentar ou, pelo menos, alguma preocupação com a possibilidade de ocorrer restrição devido à falta de recursos para adquirir alimentos”.
O estudo suplementar da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) 2009 sobre segurança alimentar revela também que 69,8% dos 58,6 milhões de domicílios particulares no Brasil estavam em situação de segurança alimentar no ano passado, totalizando 40,9 milhões de residências com 126,2 milhões de pessoas. O total de pessoas em segurança alimentar equivale a 65,8% dos moradores em domicílios particulares do país.
A pesquisa constatou, segundo o documento de divulgação do IBGE, que a insegurança de alimentos era mais significativa nas regiões Norte (40,3% dos domicílios) e Nordeste (46,1%). Além disso, a insegurança alimentar era, em todo o País, maior em domicílios com rendimento mensal domiciliar per capita inferior a meio salário mínimo por pessoa, naqueles onde residiam menores de 18 anos, entre os pretos e pardos (denominação utilizada pelo instituto) e para aqueles com menos de um ano de estudo.
O levantamento foi realizado em convênio com o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS). A pesquisa, segundo explicam os técnicos do IBGE no documento, utiliza a classificação da Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA) e considera domicílios em condição de segurança alimentar “aqueles onde os moradores tiveram acesso aos alimentos em quantidade e qualidade adequadas e sequer se sentiam na iminência de sofrer qualquer restrição no futuro próximo”.
Nos domicílios com insegurança alimentar leve “foi detectada alguma preocupação com a quantidade de alimentos no futuro e nos quais há comprometimento com a qualidade dos alimentos”. A insegurança alimentar moderada se caracteriza quando os moradores conviveram, no período de referência, com a restrição quantitativa de alimento. Já nos domicílios com insegurança alimentar grave, além dos membros adultos, as crianças, quando havia, também passaram pela privação de alimentos, podendo chegar à sua expressão mais grave, a fome.
A proporção de domicílios com insegurança alimentar leve foi estimada em 18,7%, ou 11 milhões, onde viviam 40,1 milhões de pessoas (20,9% da população em 2009). A proporção de domicílios com insegurança alimentar moderada foi de 6,5%, o equivalente a 3,8 milhões, onde moravam 14,3 milhões de pessoas (7,4% do total). Do total de domicílios, 5% (2,9 milhões) foram classificados como insegurança alimentar grave, situação que atingia 11,2 milhões de pessoas (5,8% dos moradores de domicílios particulares).
Em 2004, as proporções de domicílios onde havia insegurança alimentar leve, moderada e grave eram, respectivamente, 18%, 9,9% e 7%. “Isso mostra um crescimento do porcentual de insegurança leve e redução dos percentuais dos graus moderado e grave”, observam os técnicos no documento.