Seis em cada dez paulistanos percebem diferença no tratamento de brancos e negros em shoppings e estabelecimentos comerciais, como lojas, cinemas, restaurantes, bares, supermercados e farmácias. A percepção é mais acentuada entre os que se declaram pretos ou pardos.

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Os dados são da pesquisa inédita “Viver em São Paulo: relações raciais na cidade”, divulgada pela Rede Nossa São Paulo nesta terça-feira, 13, no mês da Consciência Negra. O estudo avaliou se o preconceito e a discriminação contra a população negra se manteve ou aumentou em São Paulo nos últimos dez anos.

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“Temos um racismo que é absolutamente intrínseco à dinâmica da sociedade paulistana. Na média geral, aproximadamente sete em cada dez paulistanos notam a diferença de tratamento em praticamente todas as situações hipotéticas trabalhadas na pesquisa. É muito alto”, afirmou José Américo Sampaio, coordenador da Rede Nossa São Paulo.

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Em seis dos oito locais avaliados, a diferença no tratamento de pessoas brancas e pessoas negras é percebida por pelo menos metade dos entrevistados. Para 66% dos paulistanos, shoppings e estabelecimentos comerciais são os locais onde essa diferença é mais notada. Em todos os locais analisados, a percepção de diferença no tratamento é mais acentuada entre os que se declaram pretos ou pardos.

A diferença no tratamento de pessoas brancas e negras é percebida no trabalho (62%), na rua em espaços públicos de convivência, como parques e praças (61%), na escola, na faculdade e em universidades (60%), no transporte público (60%), nos hospitais e postos de saúde (50%), no local onde moram (45%) e no ambiente familiar (25%).

Entre negros e pardos, a percepção aumenta em todos os locais avaliados. Na comparação com os brancos, a população negra identifica a diferença na forma de ser tratado principalmente em shoppings e estabelecimentos comerciais (75%).

No trabalho, em situações de seleção e promoção profissional, e ainda na escola, faculdade ou universidade, 70% dos negros percebem discriminação. Eles também notam diferença no transporte público (69%), na rua, em praças e parques (68%), nos hospitais e postos de saúde (60%), no local onde moram (54%) e no ambiente familiar (31%).

“Não há uma concentração nessa diferença de tratamento em determinados espaços. A pesquisa mostra que há um padrão e esse padrão é o padrão do preconceito. O único lugar em que essa percepção cai é na família e na rua, que são ambientes mais próximos”, diz Sampaio.

Na última década, situações de preconceito e discriminação contra negros se mantiveram ou aumentaram para sete em cada dez entrevistados. Paulistanos das regiões central e sul da capital são os que mais consideram que o preconceito contra a população negra se manteve, enquanto os da região oeste avaliam que o mesmo diminuiu.

Quem mais aponta o aumento do racismo é mulher, entre 16 a 24 anos e mais pobre (classe C). Quem acha que diminuiu são mais ricos (pertencem à classe A) e têm 55 anos ou mais.

“Chama atenção que a percepção do racismo na diferença de tratamento é muito maior para os negros. A população paulistana percebe a discriminação racial. Ou seja, o racismo não passa despercebido. Mas a população negra percebe muito mais do que a população branca. A pesquisa revela que há uma distância entre as duas populações em relação a esse tema”, afirmou Sampaio.