A disputa comercial entre o Brasil e a Argentina relacionada à farinha de trigo voltará a ser discutida na próxima reunião do Comitê de Monitoramento do Comércio Bilateral, segundo nota divulgada hoje pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. "Esperamos que na próxima reunião (sem data definida) os fabricantes deste produto se aproximem e tragam uma proposta de solução a estes problemas", disse o secretário-executivo do Ministério, Ivan Ramalho, na nota.

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Na reunião realizada ontem, em Buenos Aires, os representantes dos empresários brasileiros solicitaram aos argentinos que igualem a tarifa de exportação cobrada para a farinha (+10%), pré-mescla trigo (+10%) e trigo (+20%). "Os fabricantes no Brasil alegam que esta diferença onera a produção no país e diminui a competitividade da indústria brasileira, uma vez que a importação da farinha argentina torna-se mais vantajosa que a compra do trigo para beneficiamento no país", explica o comunicado do ministério.

A Argentina, por sua vez, pediu a rápida liberação de misturas de farinha de trigo argentina para a entrada no mercado brasileiro. No ano passado, o Brasil aumentou a fiscalização deste produto para evitar que a farinha argentina entrasse no Brasil classificada como mistura de farinha. O secretário informou, por meio da nota, que estes assuntos serão tratados pelos dois governos, mas que a aproximação dos setores dos dois países é fundamental para um futuro acordo.

A nota do Ministério também reitera a posição do governo brasileiro contrária à renovação dos acordos restritivos para calçados e linha branca (geladeira, fogão e lava roupas) vigentes entre 2004 e 2006. Ramalho disse que essa posição foi transmitida ao secretário de Indústria da Argentina, Miguel Peirano, com o argumento de que "a contribuição para o desenvolvimento da indústria argentina já foi dada".

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Com relação às barreiras argentinas para esses produtos, adotadas em dezembro do ano passado, Ramalho explicou que o processo de licenças não-automáticas "não proíbe a entrada destes itens na Argentina, apenas torna o procedimento, num primeiro momento de implantação, um pouco mais lento". No entanto, Peirano garantiu à Ramalho que "a situação estará normalizada já na próxima semana", diz a nota.

O mesmo ocorre com os calçados, cujo acordo firmado no passado, que permitia a exportação de 13 milhões de pares ao ano, expirou em 30 de junho de 2006. Tanto setores privados quanto o governo são contra uma renovação automática. Segundo Ramalho, na reunião de ontem foi feita uma análise do comércio deste produto, na qual "ficou claro que as exportações estão dentro da normalidade".

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