A seleção brasileira masculina de vôlei conquistou na noite deste domingo o último título que faltava em sua galeria ao derrotar a Rússia por 3 sets a 2 (23-25, 27-25, 25-20, 23-25 e 15-13) na final do Campeonato Mundial, no ginásio Luna Park, em Buenos Aires.
Com uma atuação brilhante do capitão Nalbert, e as entradas providenciais dos reservas Ricardinho e Anderson, e a estrela de Giovanne, o Brasil conseguiu se vingar da derrota para a Rússia na final da Liga Mundial, em agosto, e na decisão do Mundial de 1982, na própria Argentina.
Agora, o time brasileiro comandado pelo técnico Bernardinho pode se orgulhar de ter vencido os principais torneios do vôlei. A equipe já conquistou a medalha de ouro nas Olimpíadas (em Barcelona-1992) e dois títulos da Liga Mundial (1993 e 2001).
Para chegar até a conquista, o Brasil precisou crescer muito durante o campeonato. Na primeira fase, disputada na cidade de Córdoba, a seleção foi inconstante. A equipe não teve problemas para vencer as fracas seleções de Venezuela e Egito, mas perdeu o único jogo difícil do grupo, contra os Estados Unidos.
A situação começou a mudar na segunda fase, em Santa Fé. A cada jogo a seleção brasileira crescia de produção e se credenciava à conquista do título. Assim, ganhou de República Tcheca, França e Holanda e se classificou para as quartas-de-final.
Para alcançar as semifinais, o Brasil precisou derrotar a Itália, tricampeã mundial, nas quartas-de-final. E a vitória só foi conseguida de forma dramática, no tie-break.
Depois, foi a vez da seleção brasileira eliminar a Iugoslávia, atual campeã olímpica. A partida foi definida em 3 sets a 1, o que deu ao Brasil a confiança para derrotar a Rússia neste domingo e ganhar o título mundial.
O jogo
As duas seleções começaram a partida muito nervosas, e o Brasil soube aproveitar o primeiro momento para abrir quatro pontos de vantagem (7 a 3).
Mesmo sem apresentar a mesma potência demonstrada contra Itália e Iugoslávia, o Brasil conseguia administrar a vantagem, principalmente por causa da pouca eficiência do bloqueio russo.
Entretanto, os russos começaram a acertar esse fundamento e encostaram no marcador. E foi justamente num bloqueio que a Rússia empatou (20 a 20). No ponto seguinte, Giba atacou para fora e colocou os russos pela primeira vez à frente do marcador.
Os europeus souberam aproveitar a vantagem e fecharam o set com um forte ataque de Tetioukhine, em 24 minutos.
O resultado afetou o Brasil, que entrou desconcentrado no segundo set. A Rússia aproveitou e abriu cinco pontos de vantagem (10 a 5). O técnico Bernardinho resolveu arriscar, tirando de quadra o levantador Maurício e colocando em quadra Ricardinho.
A alterações surtiram efeito e, após uma boa passagem de André Nascimento no saque, o Brasil empatou (11 a 11). Depois, o jogador deixou a quadra para a entrada de Anderson, e a seleção deslanchou no marcador até fechar o set em 27 a 25, num ataque de Nalbert.
A virada brasileira animou a equipe, que comandou todo o terceiro set. A Rússia só assustou num ataque de Tetioukhine (5 a 5), mas começou a errar bastante e permitiu que o Brasil abrisse pelo menos três pontos de vantagem.
Nalbert, em grande fase, foi o comandante do Brasil no set. E o ponto da vitória por 25 a 20, em 27 minutos, foi marcado por Giba.
A vantagem do Brasil fez com que a equipe entrasse desconcentrada no quarto set. Por outro lado, a Rússia melhorou de produção e abriu uma vantagem logo no começo (8 a 6).
A diferença chegou a ser de quatro pontos (20 a 16), mas o Brasil demonstrou um poder de reação e encostou no marcador (22 a 21). Entretanto, não conseguiu empatar o set, que foi decidido com um ataque de Koulechov (25 a 23) em 27 minutos.
O tie-break começou equilibrado até o Brasil marcar 5 a 3 num ataque de Giba. A Rússia empatou logo em seguida, depois de salvar uma bola quase na arquibancada. Mas Giba, em outro ataque, colocou o Brasil novamente com dois pontos de vantagem (7 a 5).
A Rússia empatou de novo (8 a 8) quando Nalbert foi bloqueado. Mas um ataque para fora fez com que o Brasil voltasse a ter dois pontos de diferença (10 a 8).
Entretanto, a seleção brasileira perdeu a vantagem por causa de dois saques seguidos: um erro de Nalbert no serviço e um ace de Tetioukhine.
Foi então que brilhou a estrela de Giovanne. Ele marcou o ponto que colocou o Brasil na frente (14 a 13) e, com um saque na linha, definiu o tie-break (15 a 13).
